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Filtros de Instagram: os impactos psicológicos são reais, explica especialista

Será que a busca desenfreada pela perfeição vai ter um fim?

Os padrões de beleza sempre existiram, desde que o ser humano é ser humano. Hoje, a mais recente fixação é um rosto computadorizado e muito pouco realista. De onde vem essa obsessão? Do tempo interminável que passamos no Instagram a fazer comparações e a sonhar ter aquele rosto, aquele corpo, aquele vestido, aquela casa. Muitas vezes esquecemo-nos que é tudo irreal, que é pura encenação e muitas horas de retoque nas mais de duas mil apps que descarregamos.

“Os jovens, que passam bastante tempo em redes sociais, acabados de sair de anos de pandemia que lhes roubaram tempo de convívio presencial, são os primeiros a demonstrar falta de autoestima, sintoma depressivos e ansiosos, transtornos dismórficos corporais e perturbações alimentares,” começa por explicar a Catarina Santos, especialista em Ginecoestética & Medicina Estética na My Clinique, num texto de opinião a que a Versa teve acesso. “Verem-se a si e aos outros completamente distorcidos no seu meio preferencial de convívio e encararem a triste realidade de, afinal, terem manchas, poros dilatados, acne e um nariz “largo” é duro demais para quem não viveu o cara-a-cara como deveria.”

Conversámos com Catarina Santos sobre a evolução do conceito de beleza, quais os procedimentos mais procurados e ainda quais os impactos psicológicos.

Como é que olha para a evolução do conceito de beleza, com base neste boom tecnológico que estamos a viver?

A utilização de smartphones, as videoconferências e as redes sociais como forma principal de socialização levam a uma perseguição de um ideal de beleza jovem e “fit” que se adequa ao pequeno ecrã e que é tão castrador ao ponto de deixar de ser “apenas” inatingível para ser informatizado…e irreal.

Sente que esse conceito é moldado pelo surgimento dos filtros que modificam a cara?

Sim. Com a tendência da utilização de filtros nas redes sociais há uma procura desenfreada por fácies distorcidos que são, muitas vezes, impossíveis de reproduzir em 3D no rosto humano.

Quais são os procedimentos mais procurados?

No âmbito da medicina estética, os procedimentos mais procurados pelo público são a aplicação de toxina botulínica (vulgo Botox) para tratar rugas de expressão e o preenchimento com ácido hialurónico para tratar rugas, volumizar ou hidratar os lábios, destacar as maçãs do rosto, etc. Estes procedimentos enquadram-se no termo “Harmonização Facial” e permitem potenciar a beleza individual de cada pessoa e não padronizar, como um filtro de Instagram.

A nível psicológico quais são os impactos que estes filtros podem vir a ter, ou já começam a ter?

Começa a ver-se na consulta de Medicina Estética a perseguição interminável de um ideal de beleza “informatizado”. As pessoas comparam-se à sua versão com filtro e é dura a realidade de que, afinal, somos só humanos e não vamos nunca vencer o Facetune.

Há alguma alternativa à cirurgia estética?

Existem muitos procedimentos não invasivos realizados em consultório que permitem o regresso imediato à rotina. Neste momento, são mais procurados até que as intervenções cirúrgicas pelo baixo risco de complicações, rápida recuperação e relativa reversibilidade dos resultados. São os procedimentos que referi em cima, dentro do âmbito da Harmonização Facial.

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