O envelhecimento é fisiológico e, desde que nascemos, as nossas células estão em permanente mudança. É aqui que atua a medicina smart-aging, uma medicina integrativa e funcional com carácter preventivo, que não pretende parar o envelhecimento, mas, sim, promover um envelhecimento de qualidade, minimizando os processos degenerativos das células.
Tem como objetivo otimizar a saúde e a qualidade de vida do indivíduo, potencializar as suas capacidades físicas e cognitivas, e retardar o aparecimento de processos crónicos e degenerativos, que se originam, naturalmente, com o envelhecimento. É por este motivo que a smart-aging é uma medicina preventiva.
Mas recuemos umas décadas, mais precisamente aos anos 80, “quando um grupo de especialistas nos EUA começou a questionar o facto de os médicos intervirem nas patologias somente depois de elas já estarem instaladas, sendo que conhecem toda a fisiopatologia daquelas mesmas doenças, ou seja, os seus processos de formação”, começa por explicar Mara Fragomeni.
Se sabemos como evitar que um osso evolua para osteoporose, por que não orientamos os nossos pacientes para impedir que isso aconteça?
“Falemos, por exemplo, quando um médico atende um paciente com uma fratura osteoporótica do fémur. A osteoporose é uma doença de progressão lenta e pode ser controlada com atividade física, vitamina D, cálcio e manutenção hormonal. Se sabemos como evitar que um osso evolua para osteoporose, por que não orientamos os nossos pacientes para impedir que isso aconteça?”.
Assim como no caso da arterioesclerose, “nenhuma artéria do nosso corpo se fecha da noite para o dia. O processo desta patologia é lento e há várias medidas que o podem evitar ou retardar, como, por exemplo, marcadores como a homocisteína, que sabemos que quanto mais elevada estiver maior será o risco cardivascular. E uma suplementação simples com B6, B12 e ácido fólico pode reverter esse processo”, explica.
Para (um paciente) viver mais e com mais saúde, não basta tomar suplementos e hormonas. 70% da sua saúde e longevidade depende dele próprio
“O importante é que o paciente entenda que, para viver mais e com mais saúde, não basta tomar suplementos e hormonas. 70% da sua saúde e longevidade depende dele próprio, do que come, da qualidade do sono, se se exercita, se tem vícios como tabaco e álcool. De nada adianta suplementos se o estilo de vida for tóxico. A saúde não vem em frascos ou comprimidos, vem da atitude”, acrescenta.
“Assim, a medicina smart-aging, anti-aging, ou como queiram chamá-la, nada mais é do que utilizar os conhecimentos mais modernos da medicina e aplicá-los nos pacientes para que grande parte das doenças degenerativas sejam minimizadas e eles atinjam idades avançadas com autonomia”, clarifica a especialista.
“Um ponto importante: é medicina, por isso, deve ser praticada por médicos. Exige muito conhecimento científico e muita responsabilidade. Procedimentos sem verificação científica não são utilizados nesta medicina, nomeadamente a hidrocolonterapia, a ingestão de água salgada, o detox através de colocação dos pés em bacia de água, entre outras. Também não é uma medicina antivacinas, pelo contrário. As vacinas são uma ferramenta indiscutível para a longevidade”.
Para Mara Fragomeni é fundamental que se perceba e avalie bem as características individuais de cada paciente, considerando antecedentes pessoais e familiares, hábitos, patologias, profissão, através de exames físicos e laboratoriais. Só assim será possível garantir um tratamento igualmente individualizado que promova um envelhecimento mais saudável.