Diagnosticadas ou não, sabemos que há por aí quem sofra desde as fobias mais comuns, a animais específicos como aranhas, às mais curiosas, como fobia a ficar com manteiga de amendoim presa no céu da boca, denominada araquibutirofobia.
Por serem por vezes tão estranhas, as fobias podem parecer uma futilidade, mas são uma realidade dura para quem padece com um medo exacerbado específico sobre algo, mas esse "terror" não tem de ser para sempre.
Desde há muito tempo que as fobias têm tratamento, incluindo através de terapias cognitivo-comportamentais (TCC), mas há um novo método que acompanha os avanços tecnológicos que temos vindo a observar nas últimas décadas na área da saúde.
A ideia é usar a Realidade Virtual para o tratamento de fobias, terapeutica que é usada na CogniLAB, uma clínica de psicologia de Cascais. A VERSA falou com a psicóloga Carolina Freitas Nunes para saber como funciona este método e também como é que a própria tecnologia tem influenciado o tipo de fobias que existem atualmente.
Parece um jogo, mas a Realidade Virtual pode mesmo ser um assunto sério no que toca à saúde. Fica a perceber como.
Todas as fobias têm cura?
A maioria das fobias pode ser curada ou tratada, mas raramente desaparece sozinha. O tratamento de fobias geralmente é realizado por meio de abordagens psicológicas, farmacológicas ou um tipo misto (psicologia e fármacos)
Há forma de evitar o desenvolvimento de fobias?
Embora não seja possível prevenir todas as fobias, existem várias abordagens que podem ajudar a reduzir o risco e a ansiedade de forma eficaz, tais como a exposição gradual e controlada dos medos, algumas técnicas de “coping”, como a prática de meditação, respiração profunda e relaxamento muscular bem como de técnicas psicoeducativas.
Antes da Realidade Virtual, que métodos podiam ajudar no tratamento de fobias?
Antes da utilização de realidade virtual no tratamento de fobias, várias abordagens tradicionais eram e ainda são utilizadas de maneira eficaz, como por exemplo as terapias cognitivo-comportamentais (TCC), terapia de dessensibilização sistemática, terapias de relaxamento, terapias farmacológicas, hipnoterapia clínica.
De que forma é que a Realidade Virtual ajuda a tratar fobias?
Da mesma forma que as abordagens tradicionais demonstram ser eficientes, a Realidade Virtual no tratamento das fobias encontra-se cientificamente validada e com maiores vantagens e benefícios como a imersão realista com reprodução de cenários da vida real e até mesmo adaptar e controlar esses ambientes para responder às necessidades individuais dos pacientes.
Existe alguma fobia relacionada com tecnologia, Inteligência Artificial ou Realidade Virtual?
Estão descritas fobias que refletem ansiedades atuais sobre o avanço tecnológico. São conhecidas como, tecnofobia (medo ou fobia de tecnologia); Robofobia (medo de robôs e inteligência artificial); Virtualfobia (medo de realidade virtual e ambientes virtuais). No entanto, estas fobias são raras. Habitualmente não são fobias, mas resistência e na maior parte dos casos são pelo desconhecimento sobre a tecnologia em questão.
Sendo a Realidade Virtual já uma realidade, qual o futuro do tratamento de fobias?
O futuro do tratamento de fobias passará por uma evolução tecnológica com é com a Realidade Virtual em que cada vez mais os cenários são mais realistas e eficazes. A tecnologia na área da saúde é muito promissora no que concerne aos tratamentos na área da saúde mental e como tal deveremos atualizar as técnicas de abordagem e dar oportunidade às ferramentas que já estão à nossa disposição. O ser humano evolui e como tal a utilização destas novas tecnologias com o potencial de proporcionar, acessíveis e personalizados. À medida que a tecnologia avança, é provável que vejamos uma integração ainda maior entre RV, IA e outras inovações, transformando a maneira como tratamos fobias e outras perturbações mentais.