Desde que Oprah Winfrey - que toda a sua vida lutou contra o excesso de peso - admitiu que o seu aliado na perda de quase 20 quilos tinha sido o Ozempic que todas as atenções se voltaram para este medicamento.
Apesar de ser usado para tratar pessoas com diabetes tipo 2, como promove a redução do apetite e a melhoria do controlo dos valores de glicemia, ajuda na perda de peso.
Como seria de esperar, as vendas do Ozempic dispararam para o dobro e foram muitos os que passaram a usar o medicamento para conseguir o tão desejado emagrecimento, ainda que o fármaco seja para uso exclusivo de pacientes com diabetes tipo 2.
Mas se os resultados do Ozempic já eram promissores, há um novo medicamento que promete emagrece ainda mais: o Mounjaro. Com um ingrediente ativo diferente do Ozempic (que inclui semaglutido), neste caso o segredo pode estar no tirzepatide.
Um estudo divulgado na JAMA Internal Medicine revelou que quem teve acesso às injeções com o novo fármaco emagreceu mais e tinha mais probabilidade de atingir os objetivos do que as pessoas que tomaram Ozempic.
“Este é um estudo relevante porque vem reforçar os dados obtidos em ensaios clínicos, agora em contexto de prática clínica real, no caso nos Estados Unidos da América, onde se observa que o tirzepatide apresenta maior eficácia do que o semaglutide na perda de peso em pessoas com obesidade”, revelou à VERSA o endocrinologista João Sérgio Neves.
Como funciona?
“O tirzepatide é um agonista duplo GLP-1 / GIP, o que significa que ativa em simultâneo dois tipos de recetores que podem contribuir para o tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2”, explica o secretário-geral da SPEDM (Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo).
Por outro lado, o semaglutide “é um agonista do GLP-1 atuando apenas sobre este tipo de recetores. O tirzepatide surge como uma nova abordagem ao tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2, que pode permitir a mais doentes atingirem os alvos terapêuticos recomendados”.
Apesar de os autores do estudo terem concluído que ambos os medicamentos foram eficazes e que a maioria das pessoas perderam pelo menos 5% do seu peso inicial após um ano de utilização, 82% das pessoas que tomaram tirzepatide conseguiram emagrecer, enquanto apenas 76% das pessoas que somaram semaglutide conseguiu alcançar esse objetivo.
Além disso, quem tomou tirzepatide teve mais do dobro da probabilidade de perder, pelo menos, 15% do peso inicial, em comparação com quem tomou semaglutide.
Apesar dos resultados promissores, o Mounjaro ainda não está disponível em Portugal. João Sérgio Neves aproveita para lembrar que este é um medicamento “que deve ser sempre prescrito por um médico e que está indicado quer para o tratamento da obesidade, quer para a diabetes tipo 2”.