O que nos dá cabo da saúde é mudar para a hora de verão, porque esta mudança em outubro leva-nos de novo para a chamada hora padrão, hora normal, onde finalmente o nosso relógio biológico se alinha com o relógio solar. Esta explicação é dada por Joaquim Moita, presidente da Associação Portuguesa do Sono (APS), à Versa e tem bases científicas bem fundamentadas.
Não é bem o que queríamos ouvir, porque todos sabemos que a hora de verão é sinal que vão começar os dias mais quentes e maiores, os sunsets, os dias de praia intermináveis, mas pela nossa saúde a APS defende a adoção permanente do horário de inverno por apresentar muito mais vantagens.
Há mais luz natural ao início da manhã, com efeitos benéficos na passagem do ritmo de sono para o de vigília, há uma melhoria do desempenho profissional e escolar, melhoria da saúde mental, redução do risco da doença física (cancro, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, problemas da imunidade) e uma redução de risco de acidentes e, provavelmente, repercussões positivas para a economia.
A mudança para o horário de inverno pode ser meio deprimente, mas o nosso organismo vai gostar muito e poderão até voltar em força aquelas noites de sono tranquilas que nos dão uma energia extra.
Para quem não sabe, uma pessoa entre os 18 e os 65 anos deve dormir, diariamente e idealmente, sete a nove horas por noite - daí as famosas oito horas de sono, aquele ponto intermédio certeiro. E se o sono nunca for interrompido, melhor ainda, relembra Joaquim Moita.
É fundamental passar pelas várias fases do sono para descansar o cérebro e permitir a consolidação de memórias. É também durante a noite que se produzem hormonas fundamentais como a do crescimento, que nas crianças se desenvolve e nos adultos estabiliza para podermos manter o nosso peso regular – daí o ditado “deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer” - ; a grelina, a hormona da fome, e a leptina, a hormona da saciedade, que devem estar bem reguladas para não comermos este mundo e o outro; o cortisol, que vai a zeros durante a noite para depois atingir um pico máximo às 6h, e nos prepara para o despertar.
Já as consequências da privação de sono são várias e também estão bem documentadas: a norte-americana The National Sleep Foundation diz que um período de 20 horas seguidas sem ir à cama debilita o raciocínio e o tempo de reação de uma pessoa, como se esta tivesse bebido uma garrafa de vinho. Dormir seis horas por noite durante duas semanas é o equivalente a duas diretas consecutivas; e insistir neste tipo de padrão aumenta as hipóteses de uma morte antecipada em 13%.
Se normalmente tens dificuldade em adormecer, vê este vídeo. Mas atenção, corres o risco de "apagar" em 60 segundos: