A apenas 10 quilómetros da costa de Peniche, em pleno Atlântico, encontra-se um dos segredos mais fascinantes de Portugal: a ilha da Berlenga. Parte de um pequeno arquipélago, as Berlengas, esta ilha é hoje uma reserva natural, mas carrega consigo uma história rica.
O episódio mais célebre da Berlenga aconteceu em junho de 1666 com o Forte de São João Baptista, mandado construído por ordem de D. João IV, entre 1651 e 1656, no centro da história. O objetivo? Proteger a ilha dos corsários norte-africanos e das ameaças estrangeiras.
Num momento dramático da sua história, foi atacado por uma poderosa esquadra espanhola, composta por catorze naus e uma caravela, sob comando de D. Diogo Ibarra. No interior do Forte, resistia apenas uma pequena guarnição de menos de vinte homens, liderada pelo cabo Avelar Pessoa, armados com nove peças de artilharia e uma coragem desmedida. Contra todas as probabilidades, resistiram durante dois dias a um bombardeamento feroz, causando quinhentas baixas entre os espanhóis e afundando uma nau, um feito quase épico na história militar portuguesa.
No entanto, o esgotamento de mantimentos e munições, aliado à traição de um soldado desertor, ditaram o fim da resistência. No entanto, o Forte de São João Baptista ainda existe, embora seja hoje bem diferente.
Classificado como Monumento Nacional, foi recuperado e funciona agora como casa-abrigo, gerida pela Associação dos Amigos das Berlengas.
A experiência de pernoitar lá é tudo menos comum, uma vez que não há carros, não há ruído urbano, apenas o som das ondas do mar que rodeiam o Forte. Dormir entre muralhas que já resistiram a bombardeamentos é uma experiência de contemplação e tranquilidade como poucas, mas a Berlenga é muito mais do que história.
Parte de um arquipélago – dividido em três ilhéus, Estelas, Farilhões e Berlenga –, esta última serve de refúgio a aves migratórias e de nidificação, com destaque para a gaivota e o papagaio-do-mar, espécie escolhida como símbolo da Reserva. Tem também uma reserva marinha com quase 1 mil hectares, onde se preserva uma vida submarina vibrante, ideal para quem pratica mergulho.
Entre maio e outubro é possível visitar a ilha através de barcos que partem diariamente de Peniche, sendo que, fora dessa época, só pequenos barcos (e o bom tempo) garantem o acesso. Para preservar o equilíbrio ecológico, o número de visitantes é limitado a 350 pessoas por dia.
Na ilha, os visitantes podem percorrer trilhos pedestres que levam a grutas escondidas, miradouros naturais e à já mencionada fortaleza. Mostramos na galeria de imagens o que torna a Berlenga tão especial.
