Rainha Isabel II
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O Farewell a Elizabeth II

Rainha de Inglaterra, rainha do upcyling, do dead-stock e a primeira soberana fur-free

Desde o anúncio da morte de Isabel II são muitas as histórias que se contam sobre o seu longo reinado. Para aqui recordo o episódio que é contado em livro e também num documentário sobre a relação da Rainha Isabel II com Margaret Thatcher. Quando a primeira-ministra inglesa terá sugerido coordenarem os vestidos em momentos oficiais, a resposta vinda do Palácio foi:

Her Majesty does not notice what other people are wearing.

Uma resposta que pode dizer mais sobre a relação entre as duas, do que a da Rainha com o mundo da moda. Indústria que ainda hoje lhe agradece pelo seu pioneirismo em temas que continuam na agenda e que faz de Isabel II a Rainha da moda, como escreve a Glamour espanhola. Não que procurasse esse protagonismo, mas porque para muitos é pioneira em temas como o upcycling, sempre foi uma inspiração para designers como Vivienne Westwood, Alexander McQueen e Alessandro Michele e por ser também a primeira soberana fur-free.

Muito antes de se falar em reutilizar ou reciclar roupa (num movimento contra a fast-fashion) e do mercado pre-loved se tornar tendência, reflexo da uma mentalidade mais sustentável na indústria da moda, já em 1947 Isabel II mostrava ser uma rainha à frente do seu tempo. Dois anos após a guerra, usou vales de racionamento de roupas para comprar o seu vestido de noiva, não que precisasse, mas como um statement à sociedade, já que era o que as noivas britânicas faziam naquela época. Como escreve a Glamour, em matéria de moda, a Rainha nunca foi uma Marie Antoinette.

“Dead stock?”

Essa expressão que hoje as marcas usam para um posicionamento mais sustentável, sempre fez parte da sua filosofia. Há décadas que os tecidos que escolheu para o seu guarda-roupa são guardados no Palácio e o vestido dourado que usou no concerto do Jubileu de Diamante foi feito com um tecido comprado em 1961. Para a Rainha repetir uma peça nunca foi problema, e a neta a Princesa Beatriz de York segue-lhe as pisadas, tendo no seu casamento reutilizado um vestido da avó, criado em 1961 por Norman Hartnell. No seu livro a costureira pessoal e amiga da rainha Angela Kelly, conta que a vida útil das suas roupas chegavam a ter 25 anos, havia sempre formas diferentes de as combinar e quando já eram muito fotografadas, usava-as durante as férias em Balmoral ou Sandringham. Até as malas Launer, a que era fiel desde 1960, eram muitas vezes reparadas em vez de comprar novos modelos. Já o Barbour, o seu “uniforme” na Escócia tinha mais de 25 anos.

À exceção de peças históricas cerimoniais usadas em compromissos de estado, desde 2019 que Buckingham anunciou que a Rainha usaria apenas peles artificiais. Ao que se sabe, foi a primeira soberana a usar pele vegana nas suas roupas e logo elogiada por grupos de direitos dos animais no Reino Unido, lançando uma mensagem às marcas made in Britain. E entre tantos legados (muitos fora da esfera da moda) fica também como a Rainha que nos ensinou que para trabalhar é preciso estar confortável, com sapatos de salto de cinco centímetros. Usou-os, sempre no mesmo estilo, por mais de meio século.

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