Em novembro de 2024 nascia no Porto Alto, freguesia de Samora Correia, distrito de Santarém, um restaurante discreto com um conceito ao qual muitos não estavam habituados por estes lados. O Cozinha Murjal é um restaurante com uma decoração cuidada, cuidado esse que se estende aos pratos, em particular aos Tacos de Choco que movem muitos até aqui.
Mas a carta é muito mais extensa e está em remodelação. Por isso, não vamos falar nos pratos que a Cozinha Murjal tem para oferecer, mas sim no conceito. Uma cozinha aberta, de proximidade, da qual saem criações de base portuguesa, algumas com influências do mundo e de outras cozinhas por onde passou João Murjal.
Este é o Chef do restaurante, com quem a VERSA falou para perceber melhor porque é que vale a pena fazer alguns quilómetros para ir até à Cozinha Murjal. Ninguém melhor do que ele para nos explicar.
Qual o conceito da Cozinha Murjal?
A Cozinha Murjal nasceu com a ideia de oferecer um conceito de partilha, sabores reconfortantes e também surpreendentes. A base da nossa cozinha é bastante portuguesa, mas também temos algumas criações de fusão de vários sítios do mundo. Acreditamos que o caseiro e feito com amor é o grande segredo para o sucesso e muita atenção ao detalhe. A cozinha aberta foi a solução para uma necessidade que tínhamos em relação ao espaço, o que correu bastante bem. Os clientes adoram a proximidade, dá-lhes confiança e acabam por apreciar todo o show que está a acontecer. Somos apologistas de um ambiente relaxado para que possam desfrutar tranquilamente com amigos e família, mas nunca esquecendo o profissionalismo e o detalhe em todos os processos.
Qual o teu percurso profissional?
O meu percurso profissional começa logo a seguir ao último estágio, em 2013, no Marmoris Hotel, em Vila Viçosa, com a chefia do Chef Alexandre Silva. Fui, logo de seguida, com muita responsabilidade, interpretar o papel de Sub Chef no restaurante To B, em Lisboa, que ainda continuo a acompanhar como Chef consultor.
Em 2014 fiz abertura do Time Out Market no Cais de Sodré, em 2015 do Tabik restaurante na Avenida da Liberdade, e em 2016 da Cevicheria com o Chef Kiko. Em 2017 decidi ir colher mais conhecimento, então fui para a Fortaleza do Guincho, em Cascais, premiado com uma estrela Michelin, no qual aprendi muito e me deu uma grande estaleca. Em 2018 abri o meu primeiro restaurante, o POT, na altura com um sócio amigo em Samora Correia, que foi a coisa mais inédita que esta terra já viu. Não correu bem, a sociedade não foi a melhor opção, e fechámos ao fim de 10 meses.
Em 2019 fui para o Pikaki, em Cacilhas, como Chef de cozinha, no qual sou ainda Chef consultor. Em 2022 fui para o Terroir, em Lisboa, como Sub Chef, sendo que o Chef na altura era o meu melhor amigo, o Tiago Rosa ─ grande cozinheiro, pessoa ainda melhor. Fizemos um trabalho incrível.
Em 2023 voltei para Samora Correia a pensar no próximo passo e em 2024 abri a Cozinha Murjal, que é o meu bebé. Estamos a crescer todos os dias e está realmente a correr muito bem.
A carta sofreu uma renovação recentemente. Que novidades se podem provar?
Estamos em fase de restruturação da carta, o nosso espaço e a nossa cozinha é super limitada, portanto, não conseguimos inventar muito mais, já é um milagre o que fazemos. Estamos a pensar colocar um bacalhau à brás cremoso e um arroz de camarão e choco, e usar o arroz das nossas lezírias ribatejanas. Algumas alterações também em relação a sobremesas e couverts. Tudo para iniciar na segunda semana de outubro.
No que diz respeito a bebidas, vinhos e cervejas, o que destacas na oferta atual? Quem faz essa seleção?
A nível de vinhos gostaríamos de ter uma oferta maior, mas mais uma vez o espaço não nos permite. Temos exclusividade com a Herdade do Gamito, no Alentejo, todos os outros vinhos vão mudando todos os meses. Gostamos de ir dando a provar coisas diferentes aos nossos clientes. Trabalhamos também com cervejas artesanais de Lisboa, da Musa, que tem gente muito boa, que faz boa cerveja.
Porque motivo alguém de longe deve fazer quilómetros para ir até à Cozinha Murjal?
Uma coisa que o português faz muito bem é fazer quilómetros para ter uma boa refeição e nós não somos excepção. Aqui vão encontrar comida caseira muito bem feita, sabores que vão realmente surpreender, um sítio acolhedor que vos vai fazer sentir em casa e um staff super simpático e atencioso.
