Um grupo barulhento irrompe pelo cais sem cerimónia. Carrega uma coluna portátil vistosa que toca deep house a altos berros. Aquele era, provavelmente, o deck mais central e reservado do porto. Espreitei para ver quem eram os marmanjos. Reclamei do volume: selvagens! Então ouvi: Hey Jamie!!! O tal do Jamie pára e troca umas palavras com um casal de mexicanos cool, nossos vizinhos de barco (aliás, belíssimo barco o deles, um Pardo 43 azul celeste que já virou meu sonho de consumo). Ok, são amigos, pensei. Talvez venha para uma tequilha de fim-de-tarde. Mas não. Dirige-se à saída, distribuindo olás cais afora. Passa por mim e percebe que o fito, desconfiada. Abranda e acena-me, quase tímido, mas faço-lhe má cara: não se ia desculpar tão facilmente pela invasão. Naquele momento, o meu amoureux aparece e, para minha surpresa, os dois falam simpaticamente. Realizo que não é a primeira vez que se cruzam. Devolvo enfim o aceno – afinal, o Jamie já não é um estranho. Ele sorri. E eu penso: até é simpático, podia é ter deixado a coluna em casa. Quando se afasta pergunto quem é. O meu chéri olha-me surpreendido: Jamie Foxx. Eu fico na mesma: qual Jamie Foxx? Ele: Ora, o ator. Eu: ah, então este Jamie é aquele outro do filme que vimos?!? Resposta: ué, pensou que era qual? Welcome to my life, a despistada que nunca sabe quem é quem fora dos ecrãs. E welcome to Saint Tropez. A terra onde uma grande parte daqueles que julgo serem pessoas normais como nós, são, afinal, grandes estrelas internacionais.
Se esta antiga vila pescatória no sul de França ganhou fama nos finais dos anos 50 após a passagem de Brigite Bardot por ali como protagonista do filme “E Deus Criou as Mulheres”, tantos anos depois, continua ponto de referência obrigatório não só do jet set internacional, como também do beautiful people de todo o mundo. Não é à toa, que continua tão badalada. E com toda a justiça. Porque apesar de ser um vilarejo que mantém os lugares clássicos de sempre como o “Café Sénéquier”, “Club 55” ou o “Les Caves du Roy”, nunca deixa de se reinventar. Hoje vou partilhar a lista que tenho enviado aos meus amigos sobre o que é, para mim, o best of do momento caso pensem dar um salto em Saint Tropez neste Verão. Espero que gostem, mas preparem-se: os preços são tão salgados como a água do mar.
Melhores clubes de praia
- Loulou
- Byblos
- Club 55 (se não se importar de ter o colchão na areia)
Nota: ficam todos na praia de Pampelonne, no vilarejo de Ramatuelle. No Verão, demora cerca de trinta minutos de carro de Saint Tropez. As cadeiras custam, em média, 60€ por pessoa, dependendo da proximidade com a água.
Piscina mais charmosa
Onde almoçar
- Loulou (o mais bem frequentado)
- Gigi Ramatuelle (espaço relaxante entre as árvores)
- Club55 (o clássico de Saint Tropez)
Onde jantar
Os mais animados:
- Opera (bistro. Mas ninguém vai lá pela comida, só pelo espetáculo)
- Gaio (japonês)
Os mais charmosos:
- Salama (marroquino)
- Cucina Byblos (italiano)
Com o pé na areia:
- La Petite Plage (mediterrânico). Fica no porto, mas o chão é coberto de areia.
Oriente no Mediterrâneo:
Le TIGrrr Saint- Tropez (tailandês, vietnamita)
Onde dançar
Curiosidades:
- O mítico Club55 era uma mera cabana de praia. Quando estava a ser rodado o filme protagonizado por Brigitte Bardot, a pequena casa foi confundida com um café. Ali pediram comida para a equipa. O casal não se negou a ajudar. Nasceu assim um dos mais famosos clubes de praia do mundo.
- Les Caves du Roy é uma réplica exata de uma boate com o mesmo nome em Beirute, no hotel Excelsior. Ao longo das suas mais de cinco décadas de existência, tornou-se tão lendário como o Studio 54 em Nova Iorque, o Pacha de Ibiza ou o Le Palace de Paris.
Maria João Costa (@mjcarioca) • Instagram photos and videos