Ao lado de restaurantes que já nos habituámos a ver na rua dos Bacalhoeiros, em Lisboa, acaba de abrir um novo sushi, o PinQ Sushi. Destaca-se pelo contraste entre o exterior e o interior, fazendo dispensar qualquer GPS para chegar à porta número 28.
“É um contrate. Ou seja, na rua azul, porque não um restaurante cor-de-rosa? Para além disso, escolhemos o nome PinQ, mas não com ‘k’ de cor-de-rosa [em inglês]. É mesmo para fazer a diferença”, explica a gerente do restaurante, Isabela Vieira.
Podemos pensar que não há muito mais a inventar no mundo do sushi — afinal, o tradicional não deixa de ser peixe cru envolto em arroz feito à maneira do Japão (compacto e ligeiramente adocicado) — mas o ocidente, que aprecia mais esta cozinha em modo de fusão, tem sempre um ponto a acrescentar.
“Se formos para um outro país, vamos pedir alguma coisa local. E o nosso objetivo é mesmo esse: fazer um sushi com peixe local”, diz a gerente.
O foco é então o que é nosso (incluindo a louça Costa Nova, também ela do contra: em azul para servir os peixes rosados), com o twist criativo do chef Mauri Santos.
Já que é para ser do contra, então faço questão de começar pelo que é menos comum num restaurante de sushi. Porque não ostras (€2,80, duas unidades), ainda para mais quando servidas com um molho especial e caseiro?
Também as vieiras grelhadas (€7,50) são diferentes por serem servidas numa concha como que a simbolizar a preciosidade do que as acompanhava: ovas de peixe voador e geleia de maçã verde caseira.
Como sinto que estou em boas mãos, daqui para a frente deixo as escolhas do lado do chef Mauri Santos, que começou a carreira de sushiman no Brasil, em 2011. Regressar até está nos planos, mas é bom que não o faça antes que todos provem a peça mais controversa do PinQ Sushi.
Para quê combinados, quando podes combinar o melhor devagarinho
Nos vários restaurantes de sushi por onde já passei, o best seller comum a todos são os combinados: não exigem grandes escolhas, o preço é certo e vem tudo de uma só vez. No fundo, a comodidade é o que faz o sucesso desta opção, que no PinQ Sushi não falta, obviamente, com preços a partir de €19,99.
Mais uma vez do contra, não quero ficar pelos combinados ou pelas peças mais básicas e procuro provar as criações mais improváveis do chef.
Uma delas é o controverso hot roll hurumak (€14,90), que foge a tudo o que conhecemos num hot roll. É empanado com flocos de arroz (ingrediente não muito fácil de encontrar, admite Isabel) e finalizado com fios de teriyaki e tártaro de salmão.
E pronto, podia ter ficado por aqui.
Mas desse modo saia sem conhecer o nigiri de barriga de robalo, com ovas de peixe voador e pesto caseiro de cebola roxa (desde €6,50), ou ainda o ussuzukuri shiromi, lâminas de robalo regadas com molho ponzo com base de laranja (€9,90), ou o sashimi (a partir de €11,50/cinco unidades) — a iguaria através da qual se percebe verdadeiramente a frescura do peixe.