Os anos 2000 foram prolíficos para a cultura pop. O início do novo milénio deu-nos Legally Blonde e Mean Girls, fatos de treino Juicy Couture, músicas como Crazy in Love, de Beyoncé e Jay-Z, e Dirrty, de Christina Aguilera e Redman. Assistimos à ascensão meteórica de Britney Spears, idolatrámos The O.C. e não perdemos um episódio de The Simple Life, com Paris Hilton e Nicole Richie.
Vinte e dois anos depois, continuamos a olhar para os anos 2000 com ternura, seja pela nostalgia dos tempos vividos, seja pela inocência da adolescência. Mas, mais do que isso, para alguns de nós estas referências continuam presentes nas nossas vidas: um throwback ocasional, uma festa temática ou até mesmo uma sessão de cinema em casa ao domingo à tarde.
A estética Y2K, como hoje é denominada, nasceu nos últimos anos da década de 90 e no início dos anos 2000. Temia-se, e antecipava-se com alegria, a presença crescente da tecnologia no nosso quotidiano. Para muitos era o início de uma era inteiramente nova, disruptiva até, para outros tantos, mais pessimistas, a chegada aos chamados anos zero significava o fim do mundo. Como consequência dessas ansiedades a forma como nos vestimos foi mais extravagante, deixando para trás o lado mais minimalista e polido da década de 90.
As cores pastel, os apontamentos fluorescentes, a quantidade exagerada de logótipos, as silhuetas justas e muito corpo exposto faizeram parte do nosso guarda-roupa, dia sim, dia também. A regra era não ter regra. "O início dos anos 2000 foram uma era tão divertida e icónica da moda," começa por escrever Paris Hilton, a poster girl da década, numa publicação no Instagram. "As pessoas não tinham stylists e tinham um estilo próprio. Hoje, parece que toda a gente se veste igual."
Em matéria de estilo, os anos 2000 podem ser traduzidos em tank tops de alças finas (um essencial obrigatório), em óculos de sol oversized sem armação, em jeans de cintura descida (um pesadelo à luz dos dias de hoje). Foi também a década dos coordenados em veludo Juicy Couture e dos bonés Von Dutch. De Jennifer Lopez a Halle Berry, de Paris Hilton a Kim Kardashian, de Lindsay Lohan a Britney Spears ninguém escapou à febre dos fatos de treino em veludo, dos logótipos exagerados e das carteiras metalizadas com o monograma LV, da francesa Louis Vuitton. No que às carteiras diz respeito, a saddle bag da Dior e a baguete da Fendi foram a personificação da coolness.
Fastfoward. Estamos em 2022 e as principais coleções apresentaram-nos um segundo ato desta década. A Blumarine, por exemplo, incorporou toda a estética Y2K numa coleção com hot pants, calças de cintura descaída, muitas borboletas, crop tops e até cargo pants, com as modelos a surgiram na passerelle com o corpo coberto de glitter. A Miu Miu proporcionou o coordenado mais falado da estação, sim falamos do conjunto de duas peças composto por uma micro minissaia e um top, também ele micro, que até teve direito a uma página inteira de Instagram. A Fendi, liderada por Kim Jones, e a Versace de Donatella Versace, uniram forças numa coleção conjunta pautada por brilhos, silhuetas arrojadas e muito corpo exposto à mistura. Para todos aqueles que olham com desdém para a década, é possível reviver esta tendência através das propostas mais discretas, entre elas as calças à boca de sino, o denim on denim, os tops mais curtos e até mesmo um apontamento com brilho.
Esta viagem pode até ser atribulada, mas depois de uma pandemia global que nos fechou em casa durante dois anos, esta é a altura perfeita para sairmos do nosso casulo e fazer da moda o nosso parque de diversões.