Se vamos falar de whisky, e antes mesmo de falar sobre o barril que aqui me traz, não resisto em recuar umas décadas, até porque para falar desta bebida é bom que se seja apreciador. Ainda nem tinha idade para beber quando dei os primeiros goles, mas já sabia o que era bom.
Todos os dias, lá em casa, preparávamos para o meu pai o seu "remédio" (um whisky fraquinho com gelo) e claro que, inevitavelmente, aquele momento em que o meu pai se sentava a apreciar o seu whisky vem-me à memória, ao saber que um único barril de whisky foi vendido por um valor exorbitante. Uma informação que pode chocar muitos, mas também pode ser compreendida por tantos outros que elevam esta bebida alcoólica a um outro patamar e que a ela dedicam um tempo do seu dia.
Porque há bebidas que não se bebem, apreciam-se. E assim é o whisky.
Ardbeg Scotch de 1975, whisky escocês, chamou recentemente a atenção, pois um comprador anónimo asiático, quando se deparou com esta iguaria não se ficou pela compra de uma garrafa, mas, sim, pelo barril de 19 milhões de euros.
Consigo imaginar que para beber algo assim, seja preciso muito mais do que escolher uma boa hora do dia. Talvez seja mesmo preciso criar todo um cenário. Música ambiente? Haverá uma roupa certa? Companhia ou sozinho?
A empresa escocesa é dirigida por artesãos que são genuinamente apaixonados pelo seu trabalho. Diz a marca que Ardbeg é o mais turfoso, defumado e mais equilibrado de todos os maltes de Islay. A juntar a estas características especiais, o Ardbeg de 1975, em especial, foi pensado para envelhecer em dois barris separados antes de ser transferido para um único xerez em 2014.
O Barril enche 440 garrafas de 70 cl, avaliadas em 42.000 euros cada. Para o novo comprador desta iguaria única, a empresa Ardbeg vai engarrafar durante os próximos cinco anos, o que dará uma entrega de 88 garrafas por ano.
Não fosse anónimo, estava capaz de lhe pedir uma.
Fotografias: The untamed spirit of islay | Ardbeg