Os azulejos made in situ são poesia pura

Um francês mudou-se para Lisboa e está a recuperar algumas das nossas tradições, mas com grande sofisticação. Depois do barro negro e da cortiça, agora Noé Duchadour-Lawrance celebra os azulejos portugueses.

Noé veio de férias a Portugal umas vezes e encantou-se com a serenidade e a possibilidade que o país ainda oferece numa Europa cheia e quase esgotada. Resolveu mudar-se, abriu um atelier junto à Praça da Alegria e saiu país fora à procura do nosso talento artesanal, o saber fazer muito bem e muito belo, à mão, herdado de anos e de gerações.

Noé é um designer de produto e de interiores formado na famosa Escola de Artes Decorativas de Paris, e é, acima de tudo, um artista. Foi lançado no mundo do design internacional muito graças aos interiores que pensou para o badalado Sketch de Londres, e todo o seu trabalho é de uma sofisticação encantadora.    

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Depois de mapear Portugal em pequenas publicações que ele próprio editou, alguns designers portugueses fizeram-no pontualmente ou segundo programas académicos, e depois Noé Duchafour Lawrance arregaçou as mangas da sua camisa impecável e começou a mergulhar nas tradições portuguesas para elevá-las, celebrá-las, sofisticá-las.

Assim começou, entre outros projetos que dirige no seu atelier em Paris, a desenvolver uma coleção de objetos em barro negro, arte que aprendeu com os artesãos portugueses fixados no norte de Portugal, depois lançou uma coleção de mobiliário em cortiça e agora lança ‘Azulejos’ onde revisita uma tradição com cinco séculos de história e inspirado pelos artistas modernistas que espalharam magníficos painéis de azulejaria pelas ruas da cidade.

Em colaboração com a Fábrica Viúva Lamego, Noé Duchafour Lawrance foi para as suas oficinas em Sintra e, como apaixonado pelo mar que é, há anos que pratica kite surf, levou-o para a sua azulejaria, onde cruzou as costas da Bretanha com as de Lisboa.

O resultado de ‘Azulejos’ são três painéis de azulejos longos e estreitos, que evocam a profundidade, a sua energia e revolução de cores, e os matizados da natureza da sua costa. E a estrutura de madeira ondulante lembra as formas de barcos. À parte técnica da produção, Noé resolveu deixar a pintura resultar numa experiência com as cores e materiais variados que evocam o mar, procurando a sua verdade. Poesia pura.

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