A sustentabilidade não é moda e muito menos tendência na moda. Passou a estar na missão e propósito das marcas, que a vestem de diferentes formas seguindo aquela que é a sua filosofia de marca e até a visão estratégica do negócio. Tradicionalmente, e mesmo sendo um firme compromisso da Casa, a sustentabilidade não é tema que a Hermès comunique em grandes declarações públicas. Mas talvez pela urgência do tema, a exceção vem confirmar a regra.
Com o lançamento da nova coleção cápsula Hors-Série prevista para janeiro de 2024, a marca parisiense volta a reforçar o valor das peças feitas à mão, do chamado “slow craftsmanship”, da herança a caminho dos dois séculos, do savoir-faire dos muitos métiers guardados nos ateliers da Hermès. Ainda hoje, uma famosa Kelly Bag é feita à mão por um artesão ao longo de 20 horas, e um lenço de seda, do design à boutique, pode chegar aos dois anos de produção. E sustentabilidade, também é isto.
Lançada a cada dois anos, a Hors-Série junta todas as artes da Casa francesa, mas é também uma estratégia para dar uma segunda vida a tecidos e materiais de coleções anteriores em stock, criando uma nova coleção de luxo.
E nesta visão de luxo do upcyling, como explicou a diretora artística de prêt-à-porter feminino da Hermès Nadège Vanhée ao Financial Times, é uma coleção que não está ancorada nos códigos de uma estação específica, mas que cumpre um diálogo entre os materiais que redescobriu e reutiliza, com as técnicas de alfaiataria e a beleza.
Em janeiro chegam então às lojas Hermès 18 novos looks, peças luxuosas onde encontramos naturalmente os seus materiais de assinatura como a cachemira, a seda ou a pele, mas que recuperam também a organza adormecida nos ateliers em Paris ou lenços de seda agora artisticamente trabalhados num tear manual e que surgem na versão saia.
Da preservação da singularidade do trabalho manual ao upcyvling, a Hermès ajuda-nos a fechar este 2023 com inspiração para um 2024 mais sustentável na indústria da moda.