Taylor Swift no Estádio da Luz, em Lisboa | Fotografia: ANDRE DIAS NOBREAFP via Getty Images
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A minha noite com a Taylor (e mais uns milhares)

Artigo de opinião de Eduardo Marino, jornalista.

Foi penoso o caminho para chegar ao Estádio da Luz que, desde muito cedo, registou longas filas de fãs ansiosos por entrar no recinto de um evento que vai ficar na memória como um dos mais mal-organizados de sempre.

Valeu-nos os milhares de swifties que nos iam distraindo com os dress codes das várias eras da sua ídolo: os vestidos campestres e capas longas de “Folklore”, os brilhos ofuscantes de “Midnights”, os macacões assimétricos de “Reputation”, o branco e preto de “The Tortured Poets Department”… com grande destaque para a grande vencedora da noite: a era da “Falta de Noção”.

Já dentro do estádio, o caos continuava. Ao contrário dos dias em que há futebol, era a casa de banho das mulheres que registava filas intermináveis. Sem outra alternativa, estas acabaram por fazer fila para a casa de banho dos homens. Num momento de inclusividade inaudito, era ver mulheres de todas as idades a esperarem ao lado dos urinóis, enquanto os homens faziam o que tinham a fazer à vista de toda a gente. Foi de tal forma bizarro que, a dada altura, tiveram de desligar as luzes do local para não traumatizar nenhuma swiftie.

Eduardo Marino, jornalista

Mas desengane-se quem pensa que a maioria do público se resumia a teenagers com pulseiras da amizade até ao cotovelo. Havia gente de todas as idades, identidades sexuais e cantos do mundo. E até havia uma nova espécie de humanos chamados de “swifties by marriage”.

Ao meu lado esquerdo ficou um chef influencer americano a viver em Madrid, que já tinha visto o show há um ano em Nova Iorque e que se deu ao luxo de vir a Lisboa de propósito só para ver a era mais recente, entretanto acrescentada ao espetáculo, “The Tortured Poets Department”. Assim que esta terminou, disse “adeus, que tenho mais que fazer" e pôs-se a milhas para não levar com a multidão da saída.

Do outro lado, estavam duas senhoras americanas nos seus sessenta e que também se deslocaram a Lisboa para ver o espetáculo para o qual não tinham conseguido bilhete em território americano, aproveitando para conhecer a cidade. Ambas confessaram ser agora fãs da cantora devido às suas filhas que as contagiaram com o mesmo bichinho que se foi espalhando como uma pandemia.

Muita gente não percebe este fenómeno planetário e diz com imenso orgulho do alto do seu pedestal pseudo-intelectualóide que não conhece uma única música da cantora que quebrou todos os recordes do mundo da música.

O facto é que grande parte da fama de Taylor Swift (que estava genuinamente encantada com o público de Lisboa e arranhou algumas frases em português) foi conquistada a reboque dos seus próprios haters (olá, Kanye West, Donald Trump e companhia). O que não a matou tornou-a mais forte e agora não parece haver forma de parar esta força da natureza que foi considerada pela revista Time, no ano passado, a Figura do Ano.

O seu exército de fãs - que conhece melhor a vida amorosa da cantora do que a dos seus próprios amigos e que passa a vida a descodificar alegadas mensagens escondidas nas letras - tornou-se tão temido que nem os jornalistas que criticaram negativamente o seu novo álbum, se atreveram a assinar os artigos com medo de represálias.

No final do espetáculo, já com tímpanos furados e com pernas e pés desfeitos, surge a dúvida: como é que alguém aguenta quase três horas e meia a cantar (sem playback e sem desafinar) e a dançar naqueles saltos sempre com o maior sorriso do mundo, sem um único sinal de cansaço? Por menos de um décimo daquilo, muita gente iria parar diretamente aos cuidados intensivos do Santa Maria.

 

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