Depois de destinos exóticos não deixa de ter algum exotismo a escolha de Manchester para a apresentação da coleção Métiers D’Art 2023/2024, da Chanel. A cidade inglesa que criou lendas como New Order, Oasis ou The Smiths e considerada pela Casa francesa como “uma das mais efervescentes da cultura pop e vanguardista, com bandas que mudaram a história da música”, sem surpresa, inspirou a diretora criativa Virginie Viard no desfile que todos os anos homenageia o expertise dos ateliers da marca e o savoir-faire artesanal da moda e do luxo.
A influência britânica nos códigos mais clássicos da maison parisiense começou com a curta-metragem realizada por Sofia Coppola, que fez parte da construção imagética e da narrativa deste Métiers D’Art. Um filme no qual a também embaixadora da Chanel sobrepôs imagens de Gabrielle Chanel e de Manchester, ao som de Blue Monday dos New Order.
Já a coleção trouxe um verdadeiro arco-irís de tweed, o tecido icónico usado por Coco Chanel desde 1920. “Pensei muito em Gabrielle Chanel que usou cores nos seus tweeds e juntei um espírito vibrante e pop à coleção” explicou no final Virginie Viard. Aos clássicos revisitados, a criativa juntou também a paixão pelo futebol que se vive nesta cidade, com gorros de lã, cachecóis e casacos desportivos como vemos nas claques e que desfilarem nesta coleção onde se viram também linhas anos 60 quase em tons neon tal como nos anos 1990 nas raves em Manchester.
O que também não passou despercebido foram as modelos curvy e o statement da Chanel na defesa por padrões de beleza reais na indústria da moda, onde foi uma pioneira em 2010 quando apresentou uma modelo com curvas num desfile. Talvez um sinal de mudanças para 2024, já que ainda há semanas também a Balenciaga, em Los Angeles, trouxe modelos curvy para o seu desfile.