A Mariano Shoes foi fundada em 1945 por Manuel de Almeida Jorge, mestre artesão de calçado, que começou a produzir sapatos de alta qualidade em São João da Madeira, o coração do calçado tradicional português.
Hoje, quase 80 anos depois, a quarta geração da família de Manuel mantém o seu espírito vivo e continua leal ao seu compromisso de produzir calçado de alta qualidade inteiramente feito à mão para clientes em todo o mundo.
A Versa conversou com Fátima Oliveira, CEO da Mariano Shoes, para saber o que move e o que diferencia esta empresa bem como os planos para o futuro.
O que distingue a Mariano Shoes no mundo do calçado?
Diria que o que nos distingue é a contínua e incessante tarefa de tentarmos melhorar alguns dos nossos processos de forma que possamos entregar aos nossos clientes produtos mais confortáveis, mais duradouros e com design apelativo. E essa procura aliada à atenção ao detalhe que empregamos em cada sapato que fazemos resulta em reconhecimento por parte dos nossos clientes, o que para nós é fundamental. Penso que é isto que nos distingue dos demais.
Quais são os sapatos mais procurados/vendidos da vossa marca?
Felizmente, a essa pergunta não tem uma resposta é fácil. Diria que varia muito, mas os nossos clássicos de fivela ou de atacadores estão sempre nos nossos tops de vendas.
Quais são os principais fatores que tornam uma empresa sustentável?
Nós, na Mariano Shoes, uma marca com já quase 80 anos de história, temos bem presente, diariamente, a necessidade de sermos cada vez mais sustentáveis. Cada par de sapatos da Mariano é único, respondendo às encomendas que nos chegam, não havendo stock acumulado, reduzindo assim o desperdício. Mas também apostamos muito na economia circular e, por isso, mesmo, na Mariano restauramos cada par, para que voltem praticamente ao seu estado original, permitindo prolongar a sua utilização.
Mas os nossos esforços não se ficam por aí. No ano passado, conseguimos um marco que muito nos orgulha: o “Certificado de Energia Verde”, garantido que a energia elétrica consumida na produção dos nossos produtos foi produzida através de fontes 100% renováveis.
Um calçado mais sustentável significa preços mais elevados?
Primeiro, há uma espécie de mito, que é importante clarificar. Os sapatos da Mariano Shoes - como de muitas outras marcas – são feitos de pele. E, muitas vezes, ouvimos que não somos sustentáveis porque os animais são criados para depois fornecerem à indústria as suas peles. Esse argumento não é totalmente válido.
Para chegar às fábricas de calçado, a pele tem que ser libertada das indústrias de curtumes e é já aqui que devemos esclarecer que esta não tem como missão abater animais para obter a sua pele, processá-la e, posteriormente, e lucrar com esse negócio. O principal negócio não é a pele, mas sim a carne. A pele é um subproduto da indústria das carnes. À escala europeia, a obtenção de pele não implica a criação de animais com esse propósito específico, pois consiste numa forma de dar uma nova vida a um material que, quando não aproveitado, teria que ser incinerado ou depositado num aterro. Isso sim, teria um impacto altamente poluente. A pele é um material em bruto e de origem animal natural que, ao ser transformado, pode dar origem a peças maravilhosas. A utilização de pele é, quiçá, o exemplo mais antigo de reciclagem pela mão humana.
Não podemos dizer que produzir um sapato mais sustentável implique diretamente num preço mais elevado. Felizmente, a indústria de matérias-primas tem acompanhado e adaptado rapidamente a esta realidade e cada vez existe mais oferta de produtos sustentáveis sem que com isso exista um incremento desmesurado do preço.
Quais são os vossos planos para o futuro?
Num futuro muito próximo, vamos abrir um novo espaço no Centro Comercial Colombo. Já temos uma loja no Porto, porém foi sempre o nosso plano trazer também a Mariano Shoes para Lisboa. Outro dos nossos planos, e apesar de ainda não podermos revelar muito, prende-se com o alargamento da nossa unidade de produção bem como da nossa linha de sapatos femininos.