A coleção da joalheira holandesa Bibi Van der Velden é admirável e invejável em doses iguais. Estamos a falar de peças vintage da Cartier, Boucheron, Van Cleef & Arpels, Chanel e de joias de design contemporâneo, to die for, peças que nos vestem dos pés à cabeça e se bastam nos jeans e t-shirt, peças que dizem muito sobre quem as usa. Muitas delas provém da plataforma de joalharia Auverture, que a própria fundou, e onde se encontram alguns dos melhores nomes do design contemporâneo na área, além das suas próprias coleções, nomes já destacados como Fernando Jorge e a sua Abraço Collection, Kika Alvarenga, Ana Khouri, Stephen Webster, Sophie Bille Brahe ou Delfina Delettrez, entre tantos, muitos outros, claramente escolhidos a dedo.
A Auverture oferece-se para enviar a cada cliente uma caixa de joias personalizada, com uma seleção criteriosa de peças, pensada para cada gosto e personalidade, e entregue em casa - como uma proposta de guarda-roupa de onde escolhemos as peças com que queremos ficar. Depois de marcada uma consulta, online ou no atelier, onde é feito um questionário de estilo, aquela caixa chega sem custos extra e 100% seguro a todos os níveis,
Bibi Van der Velden é holandesa, nasceu em Nova Iorque e cresceu entre o seu país e o campo inglês, elegendo a Escultura como campo de estudo na Academia de Artes de Florença e depois na Academia Gerrit Rietveld, em Amesterdão, e na Academia de Artes de Hague. Mas resolveu antes dedicar-se a criar pequenas peças de arte usáveis e lançou a sua primeira coleção de joias em 2006. E com a criação da Auverture diz querer celebrar a individualidade: “Nós somos anti produção de massa, contra o plágio e contra cutting corners em nome do comércio. A comercialização da indústria do luxo teve o efeito adverso de transformar o design distintivo em estilo estandardizado. (…) Estamos comprometidos a oferecer uma plataforma de suporte para a alta joalharia onde a individualidade é cuidada e não ignorada, e onde distintas personalidade encontrem um chão comum através da criatividade.”
De onde vem a sua paixão pela joalharia?
Eu estudei escultura em Florença, rodeada de Arte e História. E adorava vasculhar as bancas dos mercados à procura de antiguidades e joalharia, e visitar museus. O meu amor aos materiais preciosos vem desde esses tempos em Itália e a joalharia para mim são peças de arte usáveis, como esculturas em miniatura.
Inspira-se em alguém, que se recorde, da sua família ou uma figura de referência com um estilo particular?
A minha mãe é uma enorme influência na minha vida e crescer em diferentes países deu-me um olhar internacional sobre o design. Foi a sua paixão pela escultura que começou a minha paixão pela escultura e pela joalharia. Nós ainda fazemos escultura juntas, em materiais mistos, mas maioritariamente em mármore, e assinamos “BibiMichele”, o ano passado a nossa escultura esteve numa exposição na Taylor Pigott Gallery, no Wyoming, nos Estados Unidos.
Qual é a sua primeira memória com joias, recorda-se?
Quando era pequena, e enquanto crescia em Inglaterra e na Holanda, lembro-me sempre de ver a minha mãe e as suas amigas a usarem as suas belíssimas joias. Mas há uma joia específica para mim que é a Natureza, está à nossa volta e consegues ver que é uma inspiração para mim e está nas minhas joias, desde pequenas esculturas de insectos a leões, e usando as jóias da própria Natureza como uma presa de leão com 60.000 anos ou asas de escaravelho.
Colecionar é uma arte: escolhe cada peça por instinto ou especificamente e por determinadas razões? Sempre por instinto e seguindo o meu coração. A arte deve falar para quem a observa ou admira e todos temos a nossa visão individual sobre o que é arte e o que gostamos de colecionar.
E a sua coleção em nome próprio, como começou?
A minha nova coleção, Smoke, começou pelos diamantes, já que eles vêm naturalmente em tantos tons de cinzento e branco. Foram as gemas que determinaram as matizes de Smoke.
Existe alguma peça ou história particular por detrás ou à volta da coleção?
Eu começo sempre a desenhar a partir de um lugar específico ou de uma história. Muitos dos meus designs favoritos tiveram histórias incríveis para contar por de trás do ponto de partida do design. O meu anel, por exemplo, o seu design de anel começou num problema financeiro… A namorada de um cirurgião não podia usar grandes joias, por isso resolvi desenhar um anel muito delicado que pudesse caber num grande anel de cocktail para usar nos momentos em que não se está no teatro de operações! E assim foi criado o anel dentro de um anel! Agora tenho vários temas à volta deste conceito original.
Usa todas as joias que tem, as suas e as que coleciona? Só em ocasiões especiais, e uma aqui e outra ali, ou todos os dias e a todas as horas?
Eu uso todas as minhas peças todos os dias e tenho as minhas favoritas, mas mudo-as todas muitas vezes e uso peças novas.
O que é que procura numa marca de joalharia, ou num designer, quando o convida para a sua plataforma Auverture?
Procuro sempre um estilo individual que sei que os nossos clientes vão amar.
E é fácil vender joias online, as pessoas não pedem para ter contacto com a antes de comprá-la peça, até por ser tão preciosa e um investimento?
A minha joalharia, e a curadoria que faço de designers para a Auverture vende muito bem online, mas eu também acredio que as joias devem ser experimentadas nas pessoas que as compram, ou oferecem, por isso temos um serviço que envia uma caixa de joalharia a casa, para que possam escolher, experimentar e ficar com os designs de que gostem mais.
Porque é que estamos tão afeiçoados ao simbolismo de uma joia? O que é que ela tem de tão especial que nos faz sermos atraídos por ela e investirmos nela, dinheiro, mas também afeto?
A joalharia é muitas vezes comprada para celebrar uma ocasião especial, por isso criamos logo uma ligação com aquela peça de joalharia que recebemos, muito provavelmente, pelo seu aniversário ou o de um filho, ou pelo nascimento deste, por casamento ou pelo noivado, ou foi simplesmente um presente para nós… a joalharia tem a sua magia própria e memórias criadas por quem a usa. É este aspeto tão pessoal que cria os nossos laço e ligação a certas joias.
Porque escolheu Portugal para viver?
Tenho duas crianças pequenas e quis que crescessem perto da Natureza. Para terem uma infância perto da praia e longe do caos criado pelas cidades muito atarefadas. Eu tinha amigos a viverem em Portugal e quando os visitei soube logo que Portugal no ofereceria a casa de família perfeita.