Não foi em setembro, mas chegou em outubro o mais aguardado de todos os regressos ao mundo da moda. Phoebe Philo está finalmente de volta e com V maiúsculo. Depois de seis anos a alimentar a nossa ansiedade e expectativa, chega a marca homónima Phoebe Philo com uma voz muito própria e um eco profundo em toda a indústria. Se isto significa que só ouvimos coisas boas? Claro que não. É Philo.
É uma das designers mais influentes que - mesmo depois de ter abandonado a direção criativa da Celine e, mais tarde, a Cloe, tendo-se recolhido num demorado silêncio criativo - nunca nos fez esquecer o seu trabalho. É por isso que a recebemos de braços abertos, mas com sermões na ponta da língua. Típico de quem se apaixona loucamente pela pessoa errada no tempo certo. Ou será o inverso?
Não esperávamos esquecer a polémica que concedeu à sua marca uma valente queda em 2013, depois de a modelo Iman acusar a designer britânica de se recusar a trabalhar com modelos negros. Uma acusação grave para uma indústria à qual se exige, cada vez mais, representatividade em todo o seu esplendor. E por falar em representatividade…. Sim, Philo trouxe modelos de raça negra para a campanha que marca o seu regresso. Ainda assim, esqueceu-se que a magreza não abraça todos os corpos. Tamanhos plus size não encontraram lugar nesta campanha que tinha todos aqueles que não se esqueceram das suas polémicas prontos a encontrarem o erro, e encontraram.
Mas não se ficaram pelo lado construtivo e parecem ter esquecido o amor a Philo, aquele que estava certo. Criticam também os preços ditos absurdos em peças “demasiado simples”, pela escolha de uma paleta de cores “demasiado neutra”. Mas a sobriedade da coleção de Philo ou a dita falta de inovação do que se viu na sua ausência, não deveria ser um problema. Temos mesmo de aprender a escolher batalhas. A questão da representatividade aceita-se e era necessária, mas o design sóbrio de Philo, que, por sinal, parece vir a reafirmar apenas o seu estilo intemporal e minimalista que tanto aplaudiamos, não merece um dedo apontado. Continua a ser Philo e isso tem um preço que, mesmo alto, há-de ter sido justo, ou não estivesse tudo a esgotar…