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Ainda duvidam que o ridículo tem um ponto de vista?

Digno de riso e de maldizer, quase sempre controverso. O absurdo está na moda, mesmo para quem dela nada entende.

A Semana de Moda de Nova Iorque acaba de fechar portas, mas não sem trazer algumas propostas absurdas, e não falamos das criações extravagantes que aqui encontram tantas vezes lugar. É um ridículo que não nasce de um espetáculo de moda ou da criatividade de um génio incompreendido, mas talvez merecesse essa defesa.

 

Quando um jovem invade um desfile da tão aguardada Semana de Moda com um saco de plástico e o que parece ser uma touca de banho na cabeça, tudo se torna desconfortável e sem sentido, a não ser que consideremos que todo o ridículo tem um bom ponto de vista. Não era esse o argumento que usávamos para defender uma Balenciaga? A Casa de luxo italiana que chegou a criar carteiras semelhantes a sacos do lixo e a vendê-las a bom preço. Será que também há quem desse dinheiro pelo saco de plástico que invadiu o evento? Claro que sim… até perceberem que não se tratava de uma Balenciaga… e que lhe faltava alguma etiqueta (em todos os sentidos da palavra).

A maior diferença entre ambos os sacos (aqui entenda-se uma analogia entre um especialista em moda e um ignorante na matéria) é que neste caso concreto - em que o impostor até pode apenas querer aparecer para uns minutos de fama ou para angariar mais seguidores nas redes sociais - há de facto qualquer coisa a dizer sobre moda, com mais ou menos intenção.

Se a excentricidade é algo que não falta nesta indústria que parece muitas vezes competir para ver quem consegue fazer qualquer coisa nunca vista, é natural que ninguém se tenha dado conta que este intruso era, de facto, um impostor. Houve aplausos e olhares atentos, muitos espectadores até podem ter pensado “que proposta revigorante”, calando-se em vergonha assim que o jovem é retirado à força do desfile.

As opiniões após o incidente dividiram-se, ou complementaram-se, diria. Se por um lado houve quem ridiculizasse o momento e a performance do impostor, outros considerarem um desempenho “maravilhoso”. E porque não ser ambos? Enquanto nos comentários sobre o incidente alguns criticaram a sua forma de vestir, outros consideraram o seu desempenho "fantástico".

E claro que há ainda a abordagem intelectual da coisa: a falta de matéria cinzenta a quem tudo faz pelo mediatismo, sem propósito ou sem uma causa maior. Se é apenas um grito por atenção? Talvez. Mas quantas vezes já aplaudimos toucas na cabeça acreditando na genialidade da moda? E qual o propósito disso?

Se procuram espetáculo, talvez o intruso tenha cumprido o propósito…

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