Mas como não somos de esperar pelo próximo ano e o regresso à rotina sabe melhor com um pezinho no futuro, preparamos o guarda-roupa de hoje, dando as boas-vindas às tendências que aqui se destacaram. Não sem antes lembrar que a moda não é só roupa bonita, é barómetro do que vivemos e do que queremos viver...
Ainda na nossa memória está uma pandemia que assolou o mundo e que encontrou na moda uma resposta muito clara e concreta. Viviamos o “ConfortCore”, em fatos de treino e roupas largas que tão bem serviam em casa e, logo de imediato, procurávamos por um folgo, precisávamos de uma overdose de dopamina que nos tirasse de casa para vestir cores, reviver glitters e recordar a alegria dos anos 90. E agora? Será que nos espera algo assim tão óbvio?
É tailleur. É poder feminino
Há qualquer coisa de poderoso no regresso do tailleur à moda feminina. Talvez seja o corte estruturado das peças ou talvez seja um look que sempre pareceu estar sob o efeito da gravata. Num período em que o feminismo tem cada vez mais força, um clássico feminino como o tailleur parece lembrar-nos que a beleza feminina não vem de um mundo cor-de-rosa e muito menos se parece com a Barbie. É um fato poderoso, sem precisar de ser delicado.
Se o corpete não é erótico, o espartilho muito menos
Não tem de o ser. E cada vez menos o é. A sexualização de uma peça de roupa tem vindo a diluir-se nos últimos tempos, e talvez até seja espelho de um movimento de libertação, tipo “Free The Nipple"... Mas sem alongar a suposição e voltando à moda, esqueçam o erotismo ou o sexappel de um corpete. Aliás, se por um lado Christian Siriano traz um look executivo, a proposta de Carolina Hererra é tão inocente que quase nos põe a cantar a Música no Coração.
Um rock muito anos 60
Faz sempre falta um pouco de rock. Podemos falar em preto, em couro, mas não podemos esquecer a suavidade do gospel. Talvez seja essa a melodia que nos tem faltado e este rock é de uma época com boa música.
“Pantless”
Sem calças, mas de cuecas. Agora, talvez se perceba melhor por que razão o look de Gisele Bündchen não nos surpreendeu. A proposta de Michael Kors é talvez das menos evidentes nesta Semana de Moda, mas a ideia está lá. Uma vez mais, o que diz isto sobre a sociedade nos dias de hoje? Será válida a perspetiva de que andamos a baixar as calças?
Cropped (still alive!)
Não duvidamos mais. As peças cropped não saem das tendências, mas, desta vez, desafia-nos a qualquer coisa mais elegante. O corte chega a blazers, felizmente, e deixamos os tops e topzinhos de lado. No fundo, tudo se parece resumir a um desejo de maior sofisticação, mas mais barulhento, um "Quiet Luxury" não tão "quiet".
Um ouro que sai caro
Metalizados, sim, principalmente com um banho de ouro. E foi em Ralph Lauren que encontrámos a melhor proposta. É um dourado corajoso, um tom que parece sair caro... Talvez a manifestação de uma riqueza num mundo sem dinheiro...
Transparências & Romance
É transparente, mas recusa o vulgar. Até a nudez tem qualquer coisa de romântico e de misterioso. Mais uma vez, o erotismo óbvio não parece encontrar lugar em 2024.