“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo”...
[Ode Triunfal, Álvaro de Campos]
...sobre fábricas numa passerelle em Capunnuccia, nos arredores de Florença. Parece que a Fendi deu forma à paixão fabril de Álvaro de Campos na Pitti Uomo. Olhando para a nova proposta da Casa italiana, podemos não ouvir o ruído de máquinas, mas parece que lemos uma Ode ao trabalho dos operários.
Aqui apresentou-se muito mais do que uma nova coleção para primavera/verão 2024. Podíamos falar das peças de roupa da moda masculina aqui propostas, mas parece que a Casa italiana cedeu o papel principal aos acessórios, num espaço que não foi escolhido ao acaso. À nova fábrica da Fendi chegaram caixas de ferramentas numa celebração clara ao título Líder em Energia e Design Ambiental (LEED, na sigla em inglês) que a fábrica acaba de receber, sendo a primeira de couro no sector do luxo a arrecadar este certificado.
E é também nesta fábrica onde mora um significado especial, já que foi aqui que Adele Fendi, avó da atual Diretora Artística do vestuário masculino da Fendi, Silvia Venturini Fendi, aprendeu a arte de trabalhar couro, que já é identidade da marca, como refere a publicação Grazia.
É "o tulmulto disciplinado das fábricas", como diria Álvaro de Campos, que nos chega através de uma carteira em forma de caixa de ferramentas. Neste desfile, também há aventais e cintos em pele, ao estilo de um “artesão corporativo”, que se define com camisas e gravatas, e transforma o ofício de um operário num objeto de desejo.
E é assim que a Fendi volta a pôr a máquina da moda a mexer.