Era uma vez um espetáculo de moda que, desde 1948, estendia a red carpet aos mais ilustres convidados. Todos recebiam o tema da noite e protagonizavam o evento mais aguardado de cada ano. A extravagância sempre foi parte vital de várias edições porque havia quem se dedicava à beleza de um espetáculo. Os anos passaram... a beleza provou-se efémera e o espetáculo é agora outro.
Hoje somos entretidos por uma luta interminável de egos e o dress code tantas vezes poético virou uma sátira de outros tempos.
Este ano, o tema “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” prometia um conto de fadas na red carpet mais aguardada do ano. Mas, afinal, “Garden of Time” (Jardim do Tempo), uma alusão a um conto do escritor de ficção científica J. G. Ballard, sobre, curiosamente, a dita beleza efémera, fez-nos reviver uma infância com medo do lobo mau, como se o Jardim da Celeste tivesse chamado todas as celebridades a uma sequela de horror que assombrou o melhor do imaginário infantil e destruiu as nossas personagens favoritas. Assim acontece, quando se pensa que mais é melhor e que no baile só se entra de máscaras.
Vimos de tudo. A Cinderella versão 2.0 veio em Ariana Grande, já Cardi B optou por um estilo Marge Simpson de luto, Demi Moore foi fiel à Rainha de Copas de Tim Burton, umas quantas princesas do Frozen marcaram presença. E há sempre belas adormecidas que se esquecem do vestido... Rita Ora? Neste jardim onde as flores murcham, o final foi tão literal que, mesmo com Galliano a ser a estrela da noite, não conseguimos viver o espetáculo de outros tempos. E quando a Internet resolve que Zendaya é o look vencedor da noite...
...A beleza é mesmo éfemera e a da Met Gala parece ter terminado.