Homies (2016-2021), de Agathe Brahami-Ferron
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Obrigado, Terra, por juntares em Évora cerâmica de todo o mundo

A arte da cerâmica une artistas de todo o mundo num só ponto em Portugal: o Palácio Cadaval, em Évora. Espreita a nova exposição "Obrigado à Terra".

Depois de Agatha Ruiz de la Prada em 2017, Esther Mahlangu e outros artistas africanos a apresentar a sua arte no Évora África African Passions em 2018 e a exposição LOVE de Yves Saint Laurent em 2022, o Palácio dos Duques de Cadaval, em Évora, volta a ser a casa de mais uma importante exposição de arte: "Obrigado à Terra"

No Palácio que é propriedade da família dos Duques de Cadaval iniciou-se há 30 anos o “Festival Évora Clássica” e mais tarde o “Festival de Músicas Sagradas de Évora”, sendo a música a arte que o tornou mais famoso. Mas a aposta mudou e em 2023 surge um novo motivo, além da música, para visitar o Palácio Cadaval.  

A exposição de cerâmica contemporânea "Obrigado à Terra", que reúne 35 artistas de todo o mundo e tem curadoria de Pierre Passebon, foi inaugurada a 17 de junho e vai manter-se nas instalações do palácio até 10 de dezembro. A exposição inaugura ainda a reabertura do Palácio Cadaval após um projeto de restauro que decorreu no último ano e meio e que está finalmente pronto a ver, com o mote que lhe acerta em cheio.  

“Há um duplo sentido: para além do agradecimento à Terra pelo lado da cerâmica e da arte, ["Obrigado à Terra"] é também o nosso ponto de gratidão por termos conseguido fazer o restauro do Palácio”, conta Alexandra de Cadaval à Versa.  

Alexandra de Cadaval

O mundo reunido numa arte tão antiga 

Durante seis meses, Évora vai ser o destino predileto de entusiastas por arte e por cerâmica, que ao chegar ao Palácio Cadaval mal sabem que "Obrigado à Terra" é mais do que uma exposição.  

“É como um museu, não uma exposição, com artistas contemporâneos, sem peças a óleo. Fiz a escolha com três amigos e acho que é coerente”, começa por contar à Versa o curador Pierre Passebon, referindo-se a Terry de Gunzburg, colecionadora e mecenas; Antonine Catzeflis, extraordinária descobridora de talentos; e Louis Lefebvre, especialista em cerâmicas antigas e contemporâneas. 

“Tentei encontrar diferentes artistas – portugueses, americanos, sul americanos, franceses, italianos – e juntá-los à volta da Terra”.  

Pierre Passebon

A cerâmica, que era já usada no século XX por artistas como Picasso, Miró, Fontana ou Vieira da Silva, reforça assim a sua presença na arte atual, agora mais atenta à sustentabilidade porque, como nos diz Pierre, “precisamos do solo e do sol na Terra e parece que hoje as pessoas estão muito sensíveis a ela”.  

Como 35 artistas falam connosco através da cerâmica  

Nesta viagem pela cerâmica contemporânea do mundo, Portugal é a primeira paragem, com um crocodilo da artista portuguesa Bela Silva, em grés vidrado e com mais de 180 cm de comprimento. A peça introduz-nos também um dos temas mais presentes na exposição, os animais e natureza, levando até a que seja caracterizada como “uma selva artística”.  

Nela cabe também a "Cleópatra" de Joana Vasconcelos, uma abelha coberta por um manto em croché, os perigos da natureza representados pelo francês Etienne Pottier e as "Suculentas Sensuais" da artista francesa Frédérique Fleury, que nos explica que através do grés bruto e do esmalte com ornamentação, tentou fazer uma alusão à natureza numa mistura "de algo viril, elegante e feminino”. 

Succulentes sensuelles (2018 - 2023), de Frédérique Fleury

Em Évora está também uma das peças mais famosas de Nick Weddell, do Texas, o trono denominado "Quarta-Feira", que fez quando tinha apenas 23 anos, e ao lado de peças imponentes como a de Nick ou "Diagonais", com azulejos Viúva Lamego, de Joana Vasconcelos, há uma imensidão de peças com mensagens por interpretar.  

A artista da Coreia do Sul Emily Yong Beck faz uma crítica política através da estrutura "Miku e Moon"; a francesa Agathe Brahami-Ferron censura a sociedade de consumo com uma representação de várias figuras humanas e faz ainda uma crítica gentil através da peça Moiras que junta três mulheres num jacuzzi; e a ucraniana Janina Myronova representa uma família e a guerra através de uma enorme figura de 300 kg.

Moiras (2023), de Agathe Brahami-Ferron

Apesar de ser uma exposição com uma arte tão antiga, nela também se encontra o futuro nas três estruturas da francesa Jessica Boubetra feitas em cerâmica impressa em 3D.  

"Obrigado à Terra" vai permanecer no Palácio Duques de Cadaval, em Évora, até 10 de dezembro e o preço de cada bilhete normal é de €12,50.

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