Manel Baer | Fotografia: D.R.
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Quem é o designer fenómeno que não quer arredar pé de Portugal?

Decora este nome: Manel Baer. É um jovem designer emergente, que dá cartas em Portugal, país onde se quer estabelecer.

A ModaLisboa é um palco para todos os tipos de criadores. Aqueles que estão no mercado já há vários anos, como é o caso de Dino Alves, Luís Buchinho, Carlos Gil e Luís Carvalho, e também de novos talentos nacionais. Alguns sem lugar ainda no cartaz, mas com uma montra no street style. 

É o caso de Manel Baer, de 23 anos, com um sotaque alentejano que denuncia que Beja é o seu berço, que deixou para rumar a Lisboa e estudar na Faculdade de Arquitetura.

À Versa, o jovem designer, que dá cartas no mundo da moda com peças únicas criadas a partir de materiais desperdiçados, conta toda o seu percurso e como uma das suas peças já foi parar aos Globos de Ouro, vestida por Inês Gutierrez. 

Quando é que criaste a tua marca?

Acabei a licenciatura há um ano e meio. Entretanto, estive a estagiar com o Valentim Quaresma. Depois fui sempre dizendo 'sim' a todas as oportunidades. Estagiei um mês e meio com o stylist no Masterchef Portugal e depois concorri ao projeto do Beat by Be@t, em parceria com a ModaLisboa, em que por acaso ganhei. Teve muitos frutos, e agora eles estão a trabalhar comigo para desenvolver mais a minha ideia. Desde que trabalhei com o Valentim, faço também o Mercado pela Arte, que junta vários designers de moda, e lá vou mostrando o que tenho feito. E já lancei lá uma coleção. 

Qual é a base do teu trabalho? 

Sempre tive muito dentro da sustentabilidade e o meu curso também foi muito focado nisso. Depois, neste programa (Beat by Be@t) tive cinco meses só de seminários, de como fazer práticas sustentáveis, e estou sempre muito ligado a isso. Então é basicamente a partir do desperdício e das coisas que não são muito convencionais que me saem os melhores trabalhos.

Por exemplo, estava aí uma rapariga com um para-quedas que eu arranjei para um trabalho. Tive muito sucesso com isso, porque usei na minha coleção final de curso e a partir daí muitos stylists pediram-me para fazer peças e para emprestar a roupa. A coleção esteve em videoclipes e na passadeira vermelha dos Globos de Ouro. 

 

 

 

 

 

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Como defines o estilo das tuas peças?

É muito à base de texturas, porque também tem que ver com os materiais que tenho. Já tentei fazer uma coleção ou certas peças de roupa em que só ia comprar um tecido normal, como sempre me ensinaram, isto é, desenhar a coleção, a partir disso escolher tecidos, e a partir dos tecidos começar a fazer moldes e protótipos. Mas percebi que para mim é completamente diferente. Sempre que me deparo com um material ou com uma técnica que gosto de fazer, é que surgem as peças.

Ultimamente também tenho estado a pensar mais em peças comerciais e não tão criativas, porque preciso de algo viável. Estou a construir a carreira sozinho. Mas sempre que tenho oportunidade, gosto que a criatividade seja a maior possível, porque a moda é isso: as pessoas identificarem-se com uma peça de roupa e sentirem-se com ela a melhor versão delas. Isso influencia a maneira como te comportas, como vives a vida.  

Onde vendes as tuas peças?

Neste momento estou na Brandfire. Eles têm posto à venda tanto no website, como na loja. E nos mercados com o Valentim Quaresma também, que são de dois em dois meses.

O teu objetivo é trabalhar no mercado nacional ou tens a ambição de ir lá para fora? 

A minha ambição é mudar a moda cá em Portugal.

O que queres mudar na moda em Portugal?

Não é só em Portugal. Portugal é o meu país e sinto que devo ao meu país e tenho que deixar uma pegada maior, porque nasci aqui e acho que vou sempre voltar mesmo que saia.

Quero é consciencializar as pessoas. A questão do fast fashion, de as pessoas comprarem por impulso, sem pensarem de onde veio, o que aconteceu, porque é tão barato e o que está a fazer realmente ao planeta. Não é só em Portugal que acontece, mas começa-se em pequena escala.

A nível criativo, pretendes manter sempre esta linha?

Sim, sempre. Até já me disseram que as minhas peças têm muito aquele toque nacional. Eu não faço de propósito, mas, pronto, acho que está dentro de mim, não é?

Quanto à produção, é feita por ti ou em alguma fábrica?

Agora sou só eu ainda. É muito difícil, mas estou a conseguir e sei que depois vai dar frutos no futuro. É por isso que tenho esta garra. 

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