Desfile Carlos Gil na ModaLisboa "For Good"

De Miss ao desfile ModaLisboa, o que muda? "Aqui é respirar moda"

Mariana Degener foi uma das caras conhecidas a desfilar com a nova coleção de Carlos Gil na ModaLisboa. À Versa conta toda a experiência.

O calendário das Semanas de Moda estreou-se com a Semana de Moda Masculina de Milão e pelo meio tivemos tantas outras, como a Semana de Alta-Costura de Paris, a Semana de Moda de Nova Iorque e a Semana de Moda de Milão. Esta última aconteceu no final de fevereiro e entre aqueles que foram à procura de conhecer as novas tendências, estava a portuguesa Mariana Degener.

Chegado o momento de Lisboa ser também invadida pela moda na ModaLisboa, que decorre de 7 a 10 de março, Mariana Degener rumou para a capital portuguesa e por um motivo especial: desfilar na apresentação da nova coleção outono-inverno do designer de moda Carlos Gil.

À Versa conta a experiência de voltar ao papel de modelo depois de ter representado Portugal no concurso de beleza Miss Global 2017 e mostra também tudo o que antecedeu esse momento: o treino no ginásio do EPIC SANA Marques, lugar onde tomou a refeição favorita, o pequeno-almoço, com a família, a inauguração do novo salão de beleza premium em Lisboa, o GxBar Lisbon, e o aconchego de uma massa italiana no restaurante Allora. 

Mas, afinal, quem é Mariana e onde se posiciona no mundo da moda? Falámos de tudo minutos após o desfile de Carlos Gil. 

Carlos Gil na apresentação coleção outono-inverno 2024/25 na ModaLisboa

Como é que surgiu a oportunidade de desfilar para Carlos Gil?

A oportunidade surgiu através da L'Agence, que é a minha agência. Tenho muito carinho por toda a equipa e especialmente na tia Elsa Gervásio, que me acolheu sempre muito bem, acreditou em mim e propõe-me desafios e novos projetos. Desfilar na ModaLisboa foi a primeira vez. Já tinha assistido, mas desfilar é completamente diferente. Foi uma experiência muito gira.

Foi a primeira vez que desfilou?

Não, já tive outras experiências a desfilar. Representei Portugal na Miss Global em 2017 e fiquei no top 20. Éramos 70. Só que é um tipo de desfile diferente. Muito mais sorridente, muito mais movimento de corpo. ModaLisboa é moda.

Sentiu agora que tinha de encaixar num tipo desfile mais sério?

Exatamente. Mas também senti que o background que a Miss me deu ajudou imenso. Posso dizer que não estava nervosa. Tinha aqueles nervos normais de entrar, mas parece que tinha desfilado ontem. A primeira vez custa imenso, porque nessa ainda por cima era um anfiteatro com imensa gente, era um mediatismo imenso, então aí sim, eu acho que foquei a luz e nem via ninguém. Tínhamos que sorrir, descer escadas, e descer escadas sem olhar para baixo, porque o objectivo de um modelo é encarar sempre a câmara, sorrindo.

Esse desfile foi uma preparação para este momento. Agora: identifico-me mais com o desfile de ModaLisboa. Gosto mais de desfilar séria e vestir a moda. O outro é mais representar e aqui é respirar moda, é este mundo que depois nos fascina.

O desfile da Miss ajudou, mas de que outras formas se preparou para este desfile? Algum tratamento, uma dieta...

Eu cuido-me sempre ao longo do ano. Não senti que tivesse de fazer uma preparação especial. Acho essencial na semana anterior tentar evitar o stress. Sou uma pessoa muito calma, então sempre que tenho um desafio tento que isso não influencie o sono. Acho super importante comer bem, ginásio, umas massagens...

E foi muito bom ter ido à Semana de Moda de Milão antes de vir desfilar, porque, no fundo, voltei a sentir o mundo da moda. Foi tão próximo que parece que nem saí de Milão, porque continuei numa Semana de Moda. 

O que a fascina nas criações de Carlos Gil?

O design em si, muito feminino e eu adoro isso. Consegue ser extravagante, mas com muita elegância. Vai ao encontro do meu estilo. Não diria que é clássico, que também gosto de arrojar, mas sou feminina, acho que é a palavra. Acho que hoje em dia na moda muitas vezes tentam inventar para ser diferente, mas não quer dizer que o diferente também seja bom. Depende do registo de cada pessoa.

De toda a coleção, denominada "Dream", qual é a sua peça de sonho?

O que mais gostei da coleção é o conjugar os brilhos com padrões. E por que razão acho muito interessante? Estamos numa época em que está muito na moda fazer um match de roupas diferentes: pôr uma peça verde com uma estampada, de repente riscas e depois bolas. E o Carlos Gil, mantendo o registo dele, a tal elegância da mulher feminina, ainda assim conseguiu fazer esse match de irreverência da atualidade.

Na nova coleção de Carlos Gil vimos acessórios diferentes, como um colete que é ao mesmo tempo mochila. Identifica-se com este tipo de acessórios diferentes ou prefere linhas simples?

Acho que vou mais para uma linha simples, de elegância. Mas aquilo em que gosto de arrojar é nos detalhes. Por exemplo, prefiro ir toda de branco e pôr uma carteira de pelo, uns sapatos com brilho, um colar com uma corrente. Gosto muito dos acessórios e de aparecer sempre com acessórios que diferenciem.

Coleção outono-inverno 2024/25 de Carlos Gil na ModaLisboa

De algumas marcas em especial?

Gosto muito de marcas espanholas, neste momento estou em Barcelona e vou sempre encontrando, mas também portuguesas. Há marcas giríssimas e gosto muito do facto de a nova geração ser empreendedora e apostar em projetos próprios, o que faz com que haja esta diversidade.

Acho que há uns anos, falando de uma moda muito mainstream, toda a gente ia à Zara. Hoje em dia a Zara já passou muito para o segundo plano, porque há tantas outras marcas novas. E nós adoramos ter algo que nos perguntam de onde é que é. 

Veio da Semana de Moda de Milão e está agora na ModaLisboa. Que tendências é que destaca entre tudo aquilo que viu até agora?

A moda hoje em dia é precisamente quase não haver uma moda. Tudo se usa e tudo se combina e depende do estilo de cada um. Está na moda um género que agora se comenta muito, que são as "Portuguese Girls", que misturam muitas coisas. Não é o meu género, mas entendo que dentro do género delas faça sentido e estão na moda. Tudo coexiste. 

O facto de as redes sociais estarem intrinsecamente na nossa vida, faz com que tudo seja uma tendência. Alguém usa uma coisa, amanhã já toda a gente está a usar. Diria que a Era que estamos a viver é de que tudo pode ser moda.

Uma Era em que também se tem dado muita atenção à sustentabilidade. De que forma é que essa área entra na sua vida?

Estou muito atenta a tudo o que são temas ambientais e a moda é preocupante. A minha contribuição é tentar comprar, mesmo que seja mais caro, uma peça que use várias vezes, do que ir a marcas mais baratas e aparecer sempre com coisas diferentes, que amanhã já não se usam. Para além de ter gasto dinheiro, a peça está no guarda-roupa e estou a apoiar a indústria da fast fashion. Por isso é que gosto de apostar num estilo mais clássico ou com peças-chave no guarda-roupa, porque são intemporais, e depois apostar nos acessórios.

Depois, não ceder a esta tentação da nossa geração de achar que temos que aparecer todos os dias diferentes no Instagram, num jantar. Qual é o mal de repetir o mesmo top, as mesmas calças? Se houver eventos grandes, por exemplo, em que não me apetece ir com um look repetido, adoro marcas que alugam as peças. Às vezes, emprestado ou alugado é uma mais-valia. 

Recorre também, por exemplo, ao guarda-roupa da mãe, da avó?

Sim! Tenho uma camisola da Versace que adoro, cor-de-rosa e lilás. A minha mãe tinha essa camisola há anos e passou para mim e para a minha irmã. E é engraçado ver como o tempo muda, a minha mãe foi mãe de três filhos e tudo mais, mas assenta perfeitamente. E lojas em segunda mão? Adoro. Tenho muitos casacos.

Como é que se encontra um bom casaco numa loja de segunda mão?

É entrar e ter paciência, porque está lá muita coisa e de repente há um casaco no meio de duzentos. Não estou a exagerar. Tem é que se ter paciência e depois lá está aquela peça que leva toda a gente a perguntar 'uau, onde é que compraste este casaco?'. E eu, 'pois, já não está à venda, foi numa loja de segunda mão e é único'. 

Diria que o meu guilty pleasure são casacos. Há mulheres que são malucas por sapatos, por carteiras. Mas para mim são casacos.

Por alguma razão em particular?

Acho que um casaco tem pinta, fecha o look. É tão elegante. As carteiras acabam por ser mais vistas, porque, como comentava há pouco, no Instagram toda a gente tem. Ainda no outro dia, uma amiga comentava-me 'tenho que ver se encontro carteiras vintage de marcas como a Dior e a Chanel, que é para ninguém ter'. Então, não sei, acho o casaco interessante.

Tendo em conta o tema desta ModaLisboa, "For Good", temos falado de tudo aquilo que a faz sentir bem por fora, mas e no interior? 

Há duas coisas essenciais. Uma é comer bem. Se eu não tomo um bom e grande pequeno-almoço e de repente tudo é correr e só tenho tempo de pegar num salgado, sinto que falta alguma coisa e o dia já não foi igual. E gosto de comer saudável. Não faço dietas, mas aposto pelo saudável. Depois, o desporto, que acho que é essencial para nos sentirmos bem.

Faz mais ginásio, treino com personal trainer...?

Faço também treino com personal trainer, mas agora estou viciada nas aulas de barre, em que a base da barra é o ballet. Também gosto muito de hot yoga. Depois adoro passear na natureza, fazer caminhadas e montanha ao fim de semana. Tudo o que é desporto eu adoro, sempre tive uma ligação forte.

Algo mais a faz sentir bem? 

Ter sempre uma atitude positiva. Acho que é um mal hoje em dia da nossa sociedade. Não quero dizer não ser feliz, mas não encarar a vida com positividade e o comparar-se. Não devemos comparar-nos com ninguém, porque nunca vamos ser aquela pessoa. Temos é de olhar para nós e tirar o partido de todas as coisas boas, de quem nós somos e exponenciar isso. 

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