Valentino na Semana de Moda de Paris Alta-Costura outono/inverno 2023/2024
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Trompe-l’oeil ou Edgy? Os jeans tornam-se Alta-Costura em Paris

Com um desfile épico ao pôr do sol no Château de Chantilly, a Valentino criou o verdadeiro “momento” da Semana de Alta-Costura de Paris.

Pierpaolo Piccioli, director criativo da Valentino, define-o como “Un Château”. Inspirado naturalmente no Château de Chantilly, onde apresentou a coleção de Alta-Costura outono/inverno 2024 da Maison, o desfile – esse castelo, como o apresenta, veio cheio de paradoxos e talvez o mais evidente deles todos seja a desconstrução da ideia há muito construída sobre a Alta-Costura. “A simplicidade é a complexidade resolvida", disse Piccioli na conferência de imprensa, citando o artista Constantin Brancusi, "é de alguma forma paradoxal apresentar a coleção num sítio histórico que acredito ser uma metáfora de estatuto e poder, um simbolismo que tem de ser questionado e recontextualizado" acrescentou.

Ao ar livre e tendo o icónico castelo datado de 1560 como cenário, Piccioli mostrou a metáfora dessa libertação de um mundo elitista, com uma coleção “que esconde o esforço para se alcançar a simplicidade”. Se a Alta-Costura sempre foi sinónimo de complexidade, o diretor criativo e o seu atelier extraordinariamente habilidoso na Valentino provam que a essência da moda, quando levada a um estado de arte, é, afinal, uma arte simples. Mesmo que a simplicidade seja simplesmente magistral.

Ainda que não tenha sido a primeira vez que vimos ganga num desfile de Alta-Costura, foi a vez em que se assumiu, num claro statement, como Alta-Costura. O desfile da Valentino abriu inesperadamente com a modelo Kaia Gerber de jeans de corte largo, uma camisa smoking de algodão branco, brincos Art Deco e uns sapatos rasos com um laço enorme. E é aqui que está o tal exercício, como fala Piccioli, de tentar esconder todo o trabalho e técnica para se alcançar uma estética simples.

É que os “simples” jeans de Kaia Gerber foram na verdade minuciosamente criados no atelier Valentino, com gaze de seda, bordados durante longas horas com minúsculas contas perolizadas tingidas em 80 tons de índigo, para reproduzir a textura real da ganga. Ainda que Pierpaolo Piccioli traga essa abordagem mais discreta ou sem distrações à Alta-Costura, as técnicas e os detalhes com que os artesãos trabalham a Alta-Costura estão lá todos. A Valentino será sempre a Valentino. A Alta-Costura será sempre Alta-Costura.

Mas seria redutor resumir a Semana de Alta-Costura outono/inverno 2024 ao denim da Valentino, Casa que explorou também nesta coleção o “draping” (técnica sempre desafiante nos ateliers de Alta-Costura) em vestidos modernos e sofisticados e em vários momentos de muito verde e com o vermelho tão Valentino. A semana em Paris foi feita também do surrealismo da Viktor & Rolf e os biquínis, um epítome de verão, presos com uma rede de fitas, uma alusão à escravidão paradoxal da moda.

Em Elie Saab, o passado funde-se com o presente, numa coleção que reforça o compromisso da Casa que vive entre o glamour e a celebração da beleza feminina. Detalhes complexos, texturas intrincadas, tons de joias cintilantes marcaram os vestidos (alguns com lantejoulas quase transparentes), com que Saab faz uma homenagem às musas do cinema.

No Museu Rodin, a Dior apresentou as suas deusas etéreas, muitos ombros à mostra e o brilho marcou o ritmo vibrante e moderno da coleção. Na Chanel desfilou a parisiense de hoje, a Schiaparelli trouxe de volta a sua irreverência e a Balenciaga uma lição de corte, construção e arquitetura e, claro, a mensagem sobre a Alta-Costura também poder ser hoje sinónimo de tecnologia, com o vestido “armadura” que encerrou o desfile resultado de uma impressão em 3D.

Na Galeria reunimos algmas dessas criações que marcaram a Semana de Alta-Costura.

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