As legislativas no Reino Unido estão marcadas para o próximo mês e nestas eleições há uma novidade inusitada: pela primeira vez, vai haver um candidato controlado por Inteligência Artificial a concorrer por um lugar no Parlamento.
AI Steve é um avatar de Steven Endacott, um empresário de Brighton que concorre ao Parlamento como independente.
Os eleitores vão poder votar em AI Steve, além de poderem fazer perguntas sobre os mais variados temas ou reportar problemas das suas zonas de residência em Brighton.
Caso AI Steve seja eleito, Steven Endacott será a pessoa que estará presente nas sessões parlamentares e reuniões.
O empresário vê a Inteligência Artificial como uma maneira de permitir uma forma mais direta de democracia. “Estamos, na verdade, a reinventar a política utilizando a IA como base tecnológica, como copiloto, não para substituir os políticos, mas para os ligar realmente ao seu público, ao seu eleitorado”, diz Endacott, citado pela Wired.
AI Steve foi concebido pela Neural Voice, uma empresa de voz artificial da qual Endacott é presidente. De acordo com Jeremy Smith, cofundador da empresa, o AI Steve pode ter até 10.000 conversas em simultâneo. “Um elemento-chave é a criação da sua própria base de dados de informação”, diz Smith. “E como injetar nela os dados dos clientes.”
A ideia do AI Steve surgiu da frustração de Endacott ao tentar entrar na política para defender questões que lhe interessavam. “Estou muito preocupado com o ambiente. Precisamos de uma grande mudança no governo para ajudar a controlar as alterações climáticas", disse. “A única forma de o fazer é deixar de falar para o exterior e entrar na tenda e começar a mudar realmente as políticas.”
AI Steve transcreverá e analisará as conversas que tiver com os eleitores e apresentará questões de política aos “validadores”, ou seja, pessoas comuns que podem indicar se se preocupam com uma questão ou se querem ver uma determinada política adoptada.
Endacott diz que a sua equipa planeia contactar os passageiros da estação de comboios de Brighton, a cerca de uma hora de Londres, pedindo-lhes que preencham pequenos inquéritos sobre políticas por correio eletrónico durante as suas deslocações de e para a cidade, para ajudar a desempenhar melhor as suas funções políticas.