BAAN Saraiva's | Fotografia: Instagram
Gourmet

Permite-nos um cliché para falar sobre este restaurante tailandês

O BAAN Saraiva's abriu em 2023 e desde então dá a conhecer a cozinha tailandesa autêntica. Podemos afirmá-lo e temos mesmo de usar um cliché para explicar.

Jérome Percherancier começa por nos trazer à mesa um pequeno prato com duas folhas verdes. Uma é doce e outra tem um toque picante e ácido e é só depois de mastigarmos que nos explica que estamos perante duas variedades de manjericão tailandês, despertando em nós uma maior vontade de provar esta gastronomia trazida para Lisboa (e parece que estamos no sítio certo). 

Jérome e Caroline Phetsomphou são os proprietários do Baan Saraiva’s, restaurante situado junto ao El Corte Inglés, que consta na lista Thai Select Award, certificado atribuído pelo Ministério do Comércio da Tailândia a cozinhas tailandesas autênticas e genuínas. E não é apenas um título, como explica o responsável pelo restaurante. 

"O que faz a nossa cozinha autêntica são dois aspetos: o chef e os ingredientes", começa por dizer à VERSA. 

Jérome e Caroline foram até Banguecoque para se inspirarem e numa reconhecida escola local pediram a chefs para executarem pratos locais, que viriam a determinar a linha gastronómica do restaurante. Diretamente da Tailândia para Portugal veio então a inspiração, também três chefs de diferentes regiões e muitos dos ingredientes usados na cozinha em Lisboa.

É o caso das especiarias e plantas aromáticas usadas na comida e até cocktails, assim como demais ingredientes que atravessam continentes para marcar a identidade do Baan Saraiva’s, já por uma questão de frescura as frutas exóticas são recolhidas no MARL, mas têm todo o sabor que se pretende para um fiel Som Tum Tod, uma salada de papaia verde frita com feijão thai e cenoura com amendoins (€14), ou a clássica sobremesa Khao Niew Mamuanga, com arroz glutionoso de pandan, natas de côco e manga (€9).

Quem diria que a mais genuína cozinha tailandesa ocupa o espaço que em tempos foi o icónico restaurante Saraiva’s e que assim se manteve conhecido até em 2023 ser tomado por uma diferente gastronomia e uma decoração mais moderna, com néons e peças Bordallo Pinheiro, que caracterizam o Baan Saraiva’s. 

Ainda assim, a mudança não é tão radical quanto se possa pensar, uma vez que, como explica Jérome, a gastronomia tailandesa "tem influências de vários países", incluindo, a partir do século XVII, de Portugal. À lista juntam-se os holandeses e franceses e japoneses, embora a China seja a responsável pelo surgimento da cozinha tailandesa, como consequência da emigração das províncias do sul do país para a Tailândia. 

A união de diferentes partes do mundo deu assim origem a uma cozinha única e inconfundível. A VERSA que o diga. 

Permites-nos um cliché?

Não há frase mais irritante, mais cliché, mais duvidosa, que alguma vez se pode ouvir, como "viajámos à mesa". Dizemo-lo, por vezes, quando experimentamos um restaurante da qualquer cozinha do mundo em que a comida pura e simplesmente nos agrada, mesmo que nunca tivéssemos ido a esses lugares. Pois bem, a VERSA pode usar o cliché porque não há muito tempo correu a Tailândia e a respetiva gastronomia, desde as cidades às ilhas. 

Foram duas semanas de muito pad thai, muito khao pad (arroz frito na wok com proteínas diversas), caril e demais pratos tradicionais, com direito a ranking do célebre pad thai (para referência, o melhor está num restaurante sem nome ao lado do Ao-Nang View LaVilla, em Krabi). 

Mas em conversa com Jérome, pouco ou quase nada falámos sobre pad thai porque há muito mais para descobrir na cozinha tailandesa. Os pratos de assinatura do Baan Saraiva’s são uma boa amostra, desde o Pla and Nam Jim Jeow, um peixe inteiro grelhado com molho nam jim, alho, lima e piripiri (€55) ao Seua Rong Hai, um entrecôte de carne maturada grelhado, coentros vietnamitas, molho picante de tamarindo – prato que segue a receita "O Tigre Chorão" (€29).

"Há várias histórias sobre o 'O Tigre Chorão' e uma conta que o tigre começou a comer a parte pior do bife e só depois viu que não tinha mais fome e deixou a melhor parte e começou a chorar", narra Jérome. 

 

 

Mas é claro que os clássicos também estão na carta. Há sopas tailandesas, pratos preparados na wok e diferentes tipos de caril (tudo desde €19). Tendo em conta a anterior viagem da VERSA pela Tailândia, tivemos curiosidade em provar o famoso pad thai e também em mergulhar num caril verde com as especiarias vindas do país que aqui se apresenta. 

Estaríamos a mentir se dissemos que não temos um ranking de pad thai também em Lisboa e o do Baan Saraiva’s, confecionado com gambas, tofu, ovos, amendoins, cebolinha, rebentos de feijão, picles de rabanete e molho de tamarindo (€21), já está no pódio. 

Pad Thai

Já o Gang Keow de Legumes (€19), um caril verde feito com leite de coco, tofu e uma massa feita no restaurante com as folhas de manjericão-doce que nos foram apresentadas à chegada, leva-nos a mergulhar sucessivamente a colher num caldo de sabores equilibrados, até no que toca a picante, que fazem match com o cocktail correspondente, o Green Curry Punch, feito com rum, galanga, caril verde, pimento de Espelette e manga (€13).

Gang Keow de Legumes
Cocktail Green Curry Punch

Permites-nos um cliché? Viajámos no Baan Saraiva’s e sem pôr mochilas às costas também podes fazê-lo. 

O restaurante está localizado na Rua Engenheiro Canto Resende n.°3, em Lisboa. Está aberto de terça-feira a domingo, das 12h às 14h30 e das 19h30 às 22h30, e as reservas podem ser feitas por telefone (+351 213 531 383), e-mail (info@baansaraivas.com) ou online

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