Alexander Wang | Fotografia: Randy Brooke, Getty
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Alexander Wang, no mínimo, cala-te

Perdoem o meu inglês, mas há muito que não aparecia a oportunidade perfeita para tantos de nós quererem gritar um sonoro “I don’t give a fuck”.

E muitos mais palavrões são admitidos aos que se deparam com o mais recente discurso de Alexander Wang.

Após uma entrevista à WWD a propósito da abertura daquela que é a sua 33.º loja e de outras tantas previstas nos Estados Unidos, Alexander Wang volta às bocas do mundo pelas piores razões. O problema não será tanto a expansão do seu império, mas sim a declamação de uma espécie de rejuvenescimento espiritual pelo qual terá passado nos últimos três anos.

O designer que tanto marcou a moda dos anos 2000 já viveu tempos mais auspiciosos, uma vez que tem vindo a tentar recuperar a sua reputação desde 2020, após denúncias de assédio, abuso, agressão sexual, entre outros tantos comportamentos inapropriados de que foi… vítima. Vítima, sim, porque mesmo reconhecendo o seu comportamento através de um pedido de desculpas, este outrora “party boy” é agora uma pessoa em “transformação total” e com um discurso que quase (muito quase) nos faz pensar se não deveríamos ser mais misericordiosos. Afinal, quem disse que uns quantos crimes asquerosos não podem servir de belas aprendizagens na vida? Certamente, não o diz Wang.

É que ele está a tentar procurar “o lado positivo” do que aconteceu, quase convencido de que precisou de ser abusivo uma outra vez para ganhar lições de vida.

 

"Em retrospetiva e reflexão, aprende-se com tudo o que acontece, bom e mau. E penso que, para aproveitar os altos, é preciso aprender com os baixos. E tento encontrar o lado positivo em todos os cenários”, começa por dizer o life coach que agora habita em Wang, entre outras declarações que não queremos saber.

Também nos mostrou o seu lado preocupado e meigo, ao dizer que o sucesso do seu negócio dependeu do seu “instinto em proteger as pessoas com quem trabalha" para garantir o sustento de todos.

Mas outros tantos fatores contribuíram para o sucesso do seu negócio nestes tempos difíceis, nomeadamente uma “transformação completa, tanto a nível pessoal como profissional”.

E já nem das grandes festas e noites loucas Wang é fã, ele agora é mais dado à jardinagem. "Passo os fins-de-semana a cultivar e a cozinhar, a adquirir muitas competências novas. [...] como qualquer ser humano, passamos por momentos de mudança e de evolução, nos quais encontro coisas novas que me interessam, onde passo o meu tempo. Juntamente com os meus amigos e com os meus clientes, cresci muito. Penso que o próximo capítulo tem realmente a ver com o amadurecimento da marca. E estou muito entusiasmado com este novo capítulo."

Como diria um dos muitos internautas que se manifestaram, "não estou realmente interessado em ouvir como os últimos anos trouxeram um inventário moral e destemido" a Wang, mas será que isso basta para o cancelar como parece ser o desejo da maioria?

Claro que não podemos prever o final deste filme, mas Wang é como uma estrela de Hollywood na indústria da moda… por isso, não há assédio que o detenha.

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