O jejum intermitente é uma prática alimentar que ao longo dos últimos anos tem sido alvo de vários estudos e de diferentes teorias de especialistas. Surge agora igual necessidade de debater e estudar um novo tipo de jejum, que vai muito além do período de restrição alimentar de 12, 14 ou 16 horas.
Falamos do extreme fasting (jejum extremo, em português), que consiste em comer apenas uma refeição por dia e que ficou mais popular por ser praticado por algumas celebridades. Uma delas é Chris Martin, o vocalista dos Coldplay. O cantor revelou num podcast que, desde que descobriu que a boa forma de Bruce Springsteen pode estar relacionada com o facto de o artista consumir apenas uma refeição por dia, passou a fazê-lo e não come depois das 16h.
Mas Chris Martin e Bruce Springsteen não são os únicos. Também Jack Dorsey (ex-CEO do Twitter) segue este jejum extremo, também conhecido como OMAD (do inglês "One Meal A Day").
Comer uma só refeição é saudável?
Comer apenas uma refeição por dia pode ser um desafio, mas, acima de tudo, é importante perceber se o esforço é compensado em mais saúde. A verdade é que a informação disponível sobre o OMAD é ainda escassa e a que existe é pouco fiável, dado que a maioria dos estudos realizados até ao momento foram feitos em animais e há apenas um feito em humanos.
Nessa investigação, foi pedido a um grupo de participantes que, inicialmente, ingerissem um determinado número de calorias espaçadamente ao longo do dia e, numa fase avançada do estudo, essas mesmas calorias em apenas uma refeição. A conclusão? Que “uma só refeição por dia à noite diminui o peso do corpo e leva à flexibilidade metabólica durante o exercício físico através do aumento da oxidação de gordura, enquanto o desempenho físico não é afetado”, pode ler-se no estudo.
Até aqui, parece não haver problema, mas há aspetos a ter em conta.
Para a prática do OMAD ser saudável seria necessário consumir exatamente aquilo de que o corpo precisa. Ou seja, uma só refeição tem de ser composta por fontes de proteína, fibra, energia, vitaminas e minerais essenciais, como o cálcio.
Se a alimentação diária falhar vários destes nutrientes a longo prazo, é possível que o peso baixe, sim, mas tanto devido à redução da massa gorda, como da massa magra e da perda de densidade óssea, o que "pode levar à redução da função muscular e a um maior risco de fraturas ósseas”, alerta o Science Alert, site que dá conta das últimas investigações na área da ciência.
A redução dos números na balança é inevitavelmente um dos fatores que torna este regime mais apelativo, assim como o facto de ser “fácil fazer, sem ter mais preocupações com o que comer e quando”, sublinha o nutricionista Adam Collins na Form Nutrition, que defende que nem sempre a restrição compensa.
“Tira o prazer e a flexibilidade de como comemos e vivemos”, remata.