A moda, uma das indústrias mais poluentes do planeta, começa uma lenta caminhada em relação à colecções cada vez mais conscientes e ecológicas, a começar pela sua produção e distribuição. Um gesto de sustentabilidade que, ainda que simbólico à escala do que é necessário para mudar o paradigma, é um começo e um aviso à navegação para as marcas que querem ter um lugar no futuro: o planeta agradece e as novas gerações assim o exigem. A aura de sedução da moda vai também passar por aqui.
A Sisley, a marca mais fora da caixa dentro do grupo Benetton, sempre perseguiu uma modernidade no design, na escolha de cores e texturas e até na forma de comunicar – quem não se lembra do escândalo que geraram as campanhas fotografadas por Terry Richardson, muitas delas banidas? Aqui trata-se de uma pequena revolução silenciosa, uma forma de hastear a bandeira da paz a um planeta cansado da nossa vaidade alimentada por um consumo desmesurado e inconsciente.
As peças da coleção Undyed são confecionadas sem recurso a qualquer processo de tingimento que é, como sabido, o maior agente poluente do ambiente. Assim, têm as cores naturais das fibras com que são feitas, evitando a libertação de produtos tóxicos e o gasto desmesurado de água. Os seus materiais são o linho, a viscose, o tecido polar e, em destaque, o denim. Não nos podemos esquecer que a Sisley nasceu nos anos 70 como uma marca de jeans.
A coleção é muito transversal e inclusiva, por isso pode ser vestida por quem quiser, independente do seu género ou orientação sexual. A campanha de lançamento vai precisamente nesse sentido: um grupo de millenials faz um passeio fora da cidade e os seus temas convergem todos nos grandes temas urgentes da autenticidade, sustentabilidade e inclusão.
O vídeo e as imagens foram concebidos pelos artistas da Fabrica, o centro de pesquisa e comunicação da Benetton e Sisley, que reúne jovens do mundo inteiro e os põe a pensar no futuro. Os seus trabalhos acabam por ser o coração criativo de design e imagem de ambas as marcas e projetam tendências: a aura de sedução da moda está a mudar e vai ter de passar pela sustentabilidade. Não, nunca é demais repeti-lo.