Temos uma base de saber fazer altamente apreciada, algumas com centenas de anos, com provas dadas, mas muito centradas na exportação apenas, sem Marca, o que se chama de “Private Label”, produzindo para as melhores marcas de luxo do mundo, mas em que o verdadeiro valor, a margem, não fica em Portugal.
E porque não ter a coragem de começarmos a mudar?
É preciso que tenhamos bem presente que é um caminho de médio e longo prazo.
É um caminho que envolve muitos setores da sociedade, os empresários, os designers, as universidades, os agentes governativos, etc.
O mais importante de tudo, o consumirmos e termos orgulho no que produzimos, o que é nosso, sermos os melhores embaixadores do que fazemos.
Tem de começar por ser um caminho da iniciativa privada, de cada empresário. Só o querer e a vontade de mudar, é que podem alterar o atual cenário.
O estado pode e deve através de uma visão macro apoiar este movimento tal como o fizeram outros países / governos há décadas.
Isto não significa que deixemos de apostar na exportação, até pelo contrário, devemos utilizar as exportações para alicerçar o objetivo de criarmos mais e boas marcas.
Hoje Portugal tem já duas gerações muito bem preparadas, muito apreciadas e valorizadas nas marcas internacionais, são uma geração que absorveu o como se faz e o valor que uma marca deve possuir, temos hoje já muitos jovens com mundo, a melhor das formações pós-universidade.
Somos um país de uma grandeza imensa, culturalmente temos um ADN riquíssimo.
A grandeza de um país começa na nossa cabeça, não na dimensão geográfica.
Na minha atividade na Laurel, o que mais me reconforta, é de perceber a quantidade de projetos que estão a nascer, nos mais variados setores, de pessoas que aos quarenta ou cinquenta anos de idade resolveram mudar a sua vida, sustentados na sua experiência profissional, estão a contruir marcas fantásticas.
Os jovens vão lá fora, percebem que é em Portugal que podem fazer a diferença, com novas ideias e voltam, que orgulho tenho nestes lutadores, nestes Vasco da Gama e Infante D.Henrique do Século XXI.
Temos de nos vender pelo preço correto, não pelo preço mais baixo.
Mas precisamos ter presente uma ética no que diz respeito ao espírito de justiça, económica, social.
Temos de investir na formação, em salários justos, no distribuir parte da riqueza gerada, pois só assim vencemos e ganhamos consistência retendo os talentos que tanto precisamos para o fator inovação.
As empresas são as pessoas, as marcas são o resultado da equipa que construímos, protegemos e amamos.
Por último, sejamos nós próprios, não imitemos os outros, vamos construir as nossas marcas com o que somos, com a nossa cor, o nosso mar, a nossa gastronomia, o nosso sorriso.
Só desta forma acredito que podemos todos, criar uma marca Portugal, que não se constrói em agências.