Gucci Ancora Campaign | Fotografia: D.R.
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Como interpretar a nova Gucci?

Temos um novo diretor criativo na Gucci Sabato De Sarno, que assumiu o lugar deixado por Alessandro Michele. Temos a chegada da sua primeira coleção e já apresentada no desfile da marca em setembro para a primavera/verão 2024. Temos o regresso da estética anos 1990. Temos a nova campanha da Casa italiana que acaba de ser revelada. E o que tudo isto nos diz sobre a Gucci?

Vamos começar pela nova campanha de publicidade com a coleção verão 2024. Contrariando a estratégia dos últimos anos, não temos nem nomes, nem rostos conhecidos, as estrelas são os produtos e não as celebridades. Com fotografia de David Sims e styling de Alastair McKimm, são as primeiras peças de comunicação daquela que é também a primeira coleção de Sabato De Sarno. Depois de um Alessandro Michele que marcou definitivamente a Gucci com a sua genialidade, muitas vezes com layers em excesso, temos agora uma Gucci sem cenários grandiosos, sem esse universo mais teatral ou de fantasia. A Gucci chega neste início de ano com uma mensagem simples, direta, realista e muito ao estilo da fotografia de moda dos anos 1990.

Uma década que pode não surgir aqui por acaso. Foram os anos em que o designer Tom Ford assumiu os destinos da Gucci e a tornou numa das mais lucrativas e sexy da indústria. Talvez um dos objetivos da marca para os próximos tempos, recuperar esse lugar na moda. Mas é também a década em que o novo diretor criativo era jovem e formou o seu gosto e estilo. E tal como vimos no desfile em setembro, Sabato De Sarno quer uma Gucci ao melhor estilo Tom Ford (está até a relançar peças icónicas criadas por Ford), e com uma imagem mais clean, sem excessos, com peças para o dia a dia e para todos os estilos.

Voltando à nova campanha, temos então cinco modelos - Fadia Ghaab, Jiahui Zhang, Nyajuok Gatdet, Violet Hume, novos rostos na moda e uma estratégia que se afasta daquela que vinha a ser seguida pela marca com celebridades e influencers como Kendall Jenner, Bad Bunny, Pascal Mescal e Xiao Zhan.

O que a Gucci nos parece dizer neste início de 2024? Talvez que mais do que estar focada em potenciais clientes, os consumidores aspiracionais que só compram luxo ocasionalmente em particular acessórios ou edições limitadas, o Grupo Kering olha para a desaceleração do consumo (que cai depois do Revenge Spending pós Cóvid 19) como o momento de comunicar a herança e a história da marca e, acima de tudo, que quem compra Gucci o faz porque ama a marca e não por ser influenciado por quem a usa.

Sem essa influência, a Gucci parece acreditar que se criam mais oportunidades de negócio (ou uma relação com a marca a longo prazo e tendo por base peças clássicas e uma moda mais intemporal). E com esta Gucci de Sabato mais focada em dar voz ao estilo pessoal de cada um, há aqui claramente a tentativa de ligar a estratégia comercial à visão criativa do novo diretor artístico.

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