Perto da Place de la Concorde, no coração de Paris, uma porta de ferro verde dá acesso a um pátio residencial como tantos outros na cidade. É aqui no número 4 da Rue Saint Florentin que vive Florence Cools com o marido, sempre que estão na capital francesa. É-se recebido calorosamente pelos próprios anfitriões que são também os fundadores da marca de Antuérpia La Collection. Os sapatos ficam à porta, oferecem logo um café e abrem as portas da sua sala de estar. Que é também a boutique da marca em França.
Esta é a casa do casal, mas é também a principal montra da marca no país como conta o Financial Times (FT) num artigo recente e em que identifica esta como a nova tendência no retalho de moda parisiense. "Os clientes apreciam muito o ambiente privado onde têm a exclusividade de explorar o espaço descalços. É um nível totalmente diferente de compra", diz Cools ao FT, que no início procurou um showroom em Paris, mas assumiu o seu apartamento como “boutique” dada a dificuldade de um aluguer de espaço para a marca durante todo o ano. A dificuldade tornou-se, assim, uma tendência que está a conquistar um dos principais destinos de compras na Europa.
L’Appartement funciona apenas por marcação no site da marca. O apartamento é um espaço que reflete o mundo La Collection, do mobiliário à música e arte, há toda uma curadoria de peças estrategicamente escolhidas para fazer brilhar as inspirações das coleções. Cada canto da casa de Florence conta uma história, uma paixão, inspirando e abrindo as portas à criatividade da alma desta marca belga. “A consultoria numa vista para compras pode começar sem eu conhecer a pessoa e terminar com uma nova amizade e um copo de vinho” acrescenta a fundadora e diretora criativa na mesma entrevista.
As boutiques de moda na versão residencial são uma tendência em crescimento na cidade na última década com a estratégia a focar-se na procura da melhor experiência para o consumidor. Em 2019, a Boucheron inaugurou o seu apartamento na Place Vendôme onde os clientes muito, mas muito importantes até podiam passar a noite, seguiu-se a Dior no 30 Montaigne onde só se tem acesso através de um elevador privado na boutique da Maison, e outras tantas grandes Casas de moda que parecem recuperar este conceito de luxo de início do século XX, quando os costureiros visitavam as casas dos próprios clientes, num atendimento super personalizado.
É a moda a ser também uma art de vivre, em que entramos em casa e no ambiente criativo dos designers, vivendo e respirando tudo o que os inspira na criação das peças que vestimos. Exclusivo, íntimo, o luxo sem fila e vivido (ou comprado) entre conversas e champanhe. De Paris, para o mundo…
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