Nuno Baltazar de regresso à ModaLisboa
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O Ballroom de Nuno Baltazar na ModaLisboa é afinal um protesto

Há malhas de pailletes, estruturas secas em pontos tafetá, crepes georgette, dupion moirée e lãs frias. Mas há também um Nuno Baltazar pouco otimista com “o momento mais crítico e preocupante da Moda de Autor em Portugal”.

Se temos uma ModaLisboa À LA CARTE, cada designer serve-se à sua maneira desse momento que é só seu e a que se convencionou chamar – O Desfile. No momento de apresentar uma nova coleção, Nuno Baltazar sempre soube o que queria dizer. E nesta edição, também o que não quer deixar por dizer.

Ballroom desenganem-se, não é uma apresentação romanceada. É um protesto, uma coleção-reação que celebra a geografia criativa da Moda de Autor (e de marcas independentes), enquanto subcultura da Indústria da Moda.

Abrimos então a Carta, e escolhemos do menu a entrada desta conVERSA com Nuno Baltazar.

Como vives as semanas (ou meses…) antes de uma ModaLisboa?

As semanas ou mesmo meses antes da ModaLisboa são vividos com a instabilidade e angustia próprias de qualquer processo criativo. O mais importante é o momento em que decidimos o que queremos dizer. O que nos move a fazer mais uma coleção ou desfile. Não fazer apenas para cumprir calendário.

Esse momento de afirmação é de grande entusiasmo e energia. Depois, começam a definição dos tecidos que nos vão ajudar a contar essa história, a silhueta que a protagoniza e como vou conseguir fazer com que quem assiste ao desfile consiga embarcar nessa viagem.

O que preparaste como coleção para esta edição?

A coleção chama-se Ballroom e é um protesto, uma coleção-reação e uma apresentação que celebra a geografia criativa da Moda de Autor, enquanto subcultura da indústria da moda. Uma festa em que cada protagonista é convidado à construção da sua personagem, para uma narrativa visual que propõe a ideia utópica e fantasiosa de fazer emergir a Moda de Autor para os principais palcos da cultura portuguesa.

Alguma tendência a marcar a nova coleção? Ou alguma(s) tendências que estiveram mais presentes no teu processo criativo?

Não. Isso é algo muito pessoal. É resultado da inspiração, do momento criativo e também do nosso percurso. É resultado dessa evolução e da forma como tudo se relaciona. Às vezes em harmonia, outras vezes em contraste.

Em que territórios criativos te inspiraste na criação de Ballroom?

O documentário Paris is Burning e a subcultura dos Ballrooms americanos entre o final dos anos 70 e a década de 80 ,foram motor para a uma coleção que reinterpreta, amplia e desafia diferentes códigos da identidade autoral NUNO BALTAZAR a coexistir.

Como sentes a Moda Nacional no contexto atual? Sabemos que é uma indústria cheia de desafios, mas otimista quanto aos dias que correm e ao futuro?

Sinto que atravessamos o momento mais crítico e preocupante da Moda de Autor em Portugal. Com várias marcas de autores independentes em dificuldades para conseguir resistir e combater uma indústria muito desigual.

Como te dizia, a moda de autor em Portugal foi relegada para a subcultura da indústria da moda. Não estou nada otimista, mas tenho e sempre tive, um espírito combativo. Quero combater esse sistema e lutar pela utopia de conseguir recuperar o lugar que é por direito dos autores de moda em Portugal.

Para isso é preciso reagir, este desfile será uma forma de resistência positiva, e precisamos da consciencialização e apoio de todos os que fazem parte desta indústria.

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