O desfile da marca Chromat na Semana de Moda de Nova Iorque em 2020
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Body Positivity? O Mundo quer é ser magro. Muito magro

Afinal, a mudança que parecia estar em curso não se confirma. Queremos ser magros. Mas a que custo?

Nos últimos anos, sentimos um certo vento contemporâneo de mudança no ar, como que a limpar velhos estigmas, (pre)conceitos e mentalidades há muito perturbadoras e a perturbar a saúde da nossa sociedade. De repente, estávamos mais seguros de nós próprios e, acima de tudo, confiantes com a nossa imagem e sem complexos de a assumir. Reais. Tal como éramos. Assumimos, sem retoques na mensagem, as nossas perfeitas imperfeições, a nossa beleza real. Em parte, alavancados pela forma de estar e de ver o mundo das novas gerações, que chegaram com a força de abanar, por exemplo, uma geração como a minha.

Entre os mais diversos movimentos que foram surgindo (muitos promovidos por marcas como a Dove), outros tantos embaixadores que nos inspiravam através dos seus testemunhos e exemplo, vamos resumir todos os conceitos que fomos ouvindo nos últimos anos ao chamado Body Positivity. Universal, sem idade, sem género, veio incentivar a autoaceitação e questionar a relevância de ideais de beleza intangíveis e da ditadura do corpo ideal, impostos pela sociedade.

Uma contra-revolução à revolução que ia nas redes sociais, onde corpos atléticos e sem celulite, barrigas firmes e rostos retocados, nos estavam a tornar cada vez mais obcecados por este culto da imagem perfeita. O Body Positivity devolveu-nos, assim, o amor próprio e provocou mudanças em indústrias como a moda, onde passámos a ver modelos plus size, à beleza que passa a investir em campanhas onde o milagre do Photoshop se torna um filtro gasto e ultrapassado.

E estávamos aqui. Ou talvez, acreditámos que já estávamos aqui. Da beleza real destes ideais, à realidade dos números, recentemente a farmacêutica Novo Nordisk ultrapassou o conglomerado de luxo francês LVMH e tornou-se a empresa mais valiosa da Europa. E ao que parece, esta capitalização de mercado do grupo dinamarquês deve-se ao sucesso de dois dos seus medicamentos, o Wegovy para a obesidade e o Ozempic para a diabetes.

Se o Wegovy está diretamente destinado à perda de peso, o Ozempic é dirigido a doentes adultos com diabetes de tipo 2, mas como contém a mesma substância ativa do Wegovy, passou a ser também prescrito por médicos para tratar a obesidade. Só nas redes sociais, são já mais de 1.3 mil milhões de visualizações de conteúdos que promovem o Ozempic para a perda rápida de peso, e a procura e o crescente interesse por esse efeito coloca-o frequentemente no Google Trends.

Nós. As nossas contradições. Ou obsessões. Foi-se o otimismo e ficou apenas a nossa eterna vontade de perder aqueles quilos a mais? Estamos é aqui…

 

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