Valentino na Semana de Moda de Alta-Costura, Paris |Marc Piasecki/WireImage, Getty
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Valentino comete o maior pecado na moda? A verdade tem três versões

Este assunto é para os adultos da indústria da moda e em causa estão duas maison de prestígio, com nomes gritantes que dispensam apresentações.

“Não pensamos que tenham copiado as nossas ideias, mas não podemos negar que é verdadeiramente frustrante que um enorme conglomerado global lance um artigo muito semelhante a um dos nossos campeões de vendas desde 2021. Muitos têm partilhado esta informação com mensagens de apoio. Graças a todos, gostaríamos de afirmar a nossa missão de nos tornarmos numa Casa de moda global capaz de criar um departamento dedicado a dar atenção aos jovens criativos, a protegê-los e a coexistir”
[Kimhekim, no Instagram]

 

Quando se entra na esfera da moda e se debate originalidade nas propostas de marcas, não é preciso procurar muito para encontrar dois produtos idênticos ou duas ideias semelhantes. Nunca será errado olhar para o lado, mas fazer igual é pecado numa indústria que se alimenta de novidade e de criatividade constantes.

Por isso mesmo, juntar Valentino à possibilidade de plágio é das piores ofensas que se pode fazer dentro deste universo tão exclusivo que nos faz sonhar com o bom e o melhor. E, dependendo de quem culpa, este tipo de acusações pode chegar a manchar muitos nomes. Pensar em diretores criativos de grandes marcas como génios na sua arte com ideias que, afinal, nasceram de outra cabeça, enviesa a genialidade e torna tudo… banal.

Há sempre alguém que já pensou o mesmo e há sempre alguém que já quis fazer algo parecido, mas as acusações de cópia são fáceis nos dias que correm. Se com isto falamos de réplicas exatas, talvez não, mas, como em todas as discussões ambíguas, há sempre três versões da verdade. Neste caso, a primeira versão é da Maison coreana KimheKim, que, por meias palavras e umas quantas imagens, diz que Casa italiana a copiou; a segunda versão é da Casa italiana que, sem dizer nada, claramente se afasta da acusação; e a terceira é naturalmente a verdade, porque nada é preto no branco e há sempre cinzentos à mistura. Dito isto, sabemos que estamos a ignorar a possibilidade de uma cópia desavergonhada, respeitando apenas uma possível inspiração, mas o desfile da Valentino em Paris foi épico e é esta coleção genial que está a ser desacreditada. Talvez nos recusemos a aceitar a crítica, mas é importante relevar que isto não é o mesmo que falar de uma fast-fashion a criar réplicas descaradas de criações de grandes Casas da moda. Basta percorrer o catálogo de uma Shein e aí não há discussão ambígua, tudo é óbvio e assenta num modelo de negócio conhecido que não tem lugar nesta tese.

De qualquer forma, mesmo quando falamos de qualquer uma destas maison, sabemos que “nada se cria e tudo se transforma”. Aliás, até esta mesma expressão usada tantas vezes para aniquilar as áreas criativas é ela mesma uma adaptação da célebre citação de Lavoisier, o que só reforça a ideia de que nada se inventa pela primeira vez. Se é cópia ou não, é difícil de aferir. Se é inspiração, talvez. Certo é que já pouco ou nada é assim tão original, mas REinventar também é arte.

Não se esqueçam que falamos de uma área de pensamento crítico, que voa entre recortes abstratos e nuances de tudo o que vemos no mundo. Os limites são ténues e ninguém os consegue definir. É pensamento. É ideia. É arte. É Valentino?

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