Wimbledon | Fotografia: DANIEL LEAL/AFP, Getty
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Wimbledon muda de cuecas, mas dress code continua a dividir opiniões

O dress code de Wimbledon finalmente sofre alterações. Mas o que era retrógado e desconfortável para uns, é imagem de marca para outros. Mudam-se as cuecas, não se mudam os tempos.

Até ao próximo dia 16 de julho, podemos assistir a um Wimbledon mais rebelde. Esta instituição centenária alterou o regulamento do vestuário para qualquer coisa mais deste tempo. As tenistas agradecem, mas nem todos morrem de amores pela ideia.

 

Há mais de 60 anos que Wimbledon mantinha um dress code rígido para os tenistas que pisam os seus relvados. Desde 1963 que era obrigatório o equipamento branco. Dos pés à cabeça, queria-se um jogo limpo e imaculado, muito branco, portanto. No decorrer dos anos, as queixas sobre este regulamento aumentaram, principalmente, por parte das tenistas que apresentaram preocupações e desconforto com o equipamento branco na altura da menstruação. Motivos mais do que válidos. Ainda assim, há quem não adore a ideia e diga que a nova política de roupa interior escura subtrai “requinte” ao jogo e contraria uma tradição bonita, de muitos anos, que merece respeito. E, atenção, ainda só estamos a falar de cuecas, já que o restante equipamento se mantém branco, sem exceções. E não é bege ou branco-sujo. É mesmo branco.

Há quem veja neste "all white" algo sofisticado e encantador, que obriga a uma certa “elegância”, a uma espécie de etiqueta que ajuda a quem assiste a estar mais concentrado no jogo, sem se distrair com uns calções néon.

Até porque para quem acompanha o Wimbledon há alguns anos sabe que a instituição defende a roupa branca não por uma questão de moda ou de snobismo, mas por esta servir de destaque aos jogadores. No fundo, só se chama a atenção em campo pelo talento e não pela t-shirt cor de rosa. Mas que se lixe a tradição quando estamos a colocar em jogo o desconforto de atletas que, por várias vezes, se queixaram desta obrigatoriedade. Aliás, Heayther Watson chegou a realizar tratamentos hormonais de forma a não estar menstruada em campo, como já deu a conhecer a imprensa internacional. Afinal de contas, a preocupação com o equipamento num jogo que desafia o esforço físico pode afetar o foco – e ninguém quer tenistas a pensar em qualquer outra coisa que não seja a vitória.

"Dar prioridade à saúde das mulheres e apoiar as jogadoras com base nas suas necessidades individuais é muito importante para nós, e estamos em discussões com a WTA, com os fabricantes e com as equipas médicas sobre as formas como o podemos fazer”, comunicou o All England Club em 2022, chegando agora à alteração relativa à roupa inteiror.

E claro que não são as marcas desportivas descontentes com a decisão. Aliás, devem estar radiantes, já que atualmente parece que ganha quem mais se faz notar e a extravagância está demasiado presente no mundo da moda e no universo do marketing, com padrões e cores garridas a disputarem entre si. Além disso, depois das cuecas, quem sabe se o regulamento possa vir a permitir mais logos das marcas nos equipamentos dos jogadores? Já que agora apenas têm direito a pouco mais de um centímetro de cor...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Voltando aos críticos. Os mais descontentes com o novo regulamento só podiam estar fora de jogo e muito possivelmente nunca ouviram falar em ciclo menstrual. São vozes de bancada na Internet que questionam esta permissão, nomeadamente, depois de verem Victoria Azarenka a jogar com calções escuros, seguindo apenas as regras, tal e qual como elas são...

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