Shein "Endless Summer" | Fotografia: Kristy Sparow, Getty
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Shein ou Chanel? A vilã da Fast Fashion desfila na cidade da Alta-costura

A criar terreno fértil para a moda e com propostas vanguardistas, a Shein mostra um outro lado e faz-nos esquecer o papel problemático na indústria. De vilã a heroína? Este é o propósito.

Tem um modelo de negócios que influencia a indústria da moda e que a muitos desagrada. É justo dizer que resume o que de crítico tem a moda fast fashion, mas numa versão 2.0. Mais rápida, mais descartável, mais barata e, consequentemente, com uma produção questionável a um nível estridente. Por isto e por outros ‘quês’ de rumores sobre exploração laboral, todos tinham razões para querer travar o sucesso da retalhista online… até que o regresso de Shein a Paris, com uma coleção que antecipou uma Semana de Moda de Alta-Costura, fez sombra às últimas polémicas. A isto chama-se um bom plano.

No passado dia 8 de junho, a cidade que recebe a moda como nenhuma outra deu assim as boas-vindas ao tão aguardado desfile “Endless Summer”, do programa “Shein X”. Uma apresentação que serviu para promover 25 jovens talentosos, designers emergentes e independentes. Chegaram assim quase 80 looks sob a forma de propostas inovadoras que, mesmo apenas contando com o apoio e financiamento da gigante chinesa, não se fizeram valer sem a marca e, talvez sem querer, concederam um prestígio à Shein que não existia. Aliás, estávamos longe de pensar que uma Shein se associaria desta forma ao terreno de uma Chanel, mesmo já lá tendo passando para breves apresentações. É quase como ver Aretha Franklin a partilhar palco com o Zé Cabra… o tema “Deixei Tudo Por Ela” até pode vender bem, mas o talento de Aretha está num patamar muito diferente. 

Este projeto da Shein visa “remover as barreiras de comercialização e concorrência que muitas vezes impedem talentos emergentes na indústria da moda”, segundo o comunicado da marca e, talvez por este posicionamento vir de uma Shein e tornar tudo isto esquisito, este projeto bonito e solidário cheira a uma estratégia óbvia de crescimento. Com isto, a comunidade de seguidores da gigante chinesa só aumenta e atrai outro público, bem mais educado em moda. Agora imaginem os jovens, aqueles grandes consumidores do hoje e do amanhã, perderem o critério de sustentabilidade para a etiqueta Shein...

Somar esta posição mais premium ao domínio de ferramentas digitais que nenhuma outra fast fashion tem é alarmante. Não esquecer que por detrás do lucro desta marca está um trabalho nas redes sociais muito inteligente, com inúmeras campanhas que chegam a todo o lado e, quase mais importante, produtos com inúmeras referências. O que é que isto quer dizer? Experimenta pesquisar uma peça de roupa com características muito específicas (ex: vestido justo lima drapeado) num motor de busca, o resultado terá sempre Shein.

Não é nenhum spoiler, mas o final deste filme é bastante previsível. Num passado nada distante, a Shein era a marca de moda mais poluente e, ao mesmo tempo, a mais popular em 2022...

Nesta crise ambiental e de valores, um desfile em Paris parece bonito, mas o backstage desta marca é bem mais feio.

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