Restaurante Cura
Gourmet

Não há CURA melhor!

Falamos do restaurante no Ritz Four Seasons Hotel, em Lisboa, e do Chef Michelin Pedro Pena Bastos.

Apetece-me começar pelo fim. Porque é daqueles momentos criados para se guardar. No final da minha experiência gastronómica no restaurante Cura, é-me entregue num envelope fechado, o meu menu da noite e a lista dos vinhos que harmonizaram a minha refeição. E a carta vem com a impressão digital e a assinatura do Chef Pedro Pena Bastos. Há dias, lia que a nova buzzword no mundo do luxo é a chamada "Brand Elevation", ou seja, a necessidade de as marcas manterem e até, se possível, aumentarem o seu posicionamento em relação aos seus pares, continuando relevantes para os consumidores. Num ambiente económico volátil e em que o físico se confunde com o digital, há que manter a oferta o mais exclusiva possível, respondendo à exigência e procura cada vez mais sofisticadas. Haverá maior exclusividade que trazer para casa a impressão digital do Chef? Quantas peças têm em casa com a impressão digital de quem as criou?

Não foi a minha primeira vez no Cura, o restaurante no Ritz Four Seasons, em Lisboa. Mas foi a primeira vez depois do Chef ter conquistado a estrela Michelin. Na sua cozinha, há uma engenhosa curadoria que está na essência do Cura, o Chef é ele próprio o curador culinário que seleciona os ingredientes com a mesma arte com que porventura um artista escolhe as suas tintas, partindo da rica palete de ingredientes sazonais de Lisboa para criar pratos artesanais de grande profundidade, gosto e significado.

Na sua cozinha aberta, Pedro Pena Bastos pretende trazer "mais alegria e alma" do que é habitual encontrar na alta cozinha. Trabalha com pequenos fornecedores locais para conseguir ingredientes de excelente sabor e colhe outros, destaca o musgo de rena estaladiço, a carne marmoreada de porco preto do Alentejo e o melhor grão-de-bico que consegue encontrar. No seu menu, há pratos que se destacam, há os que mudam consoante a estação, e o Chef tenta trabalhar com apenas dois ou três ingredientes e uma faca bem afiada de cada vez, para garantir que os clientes saboreiam a comida tal como deve ser saboreada.

À escolha, há o menu Origens, o Meia Cura e o Raízes. Como sou vegetariana escolho o Raízes. Começa com uma bolacha (que bem à portuguesa se come com a mão) de beterraba, pistáchio e flor de laranjeira; segue-se o hokkaido com rábano, lima caviar e caldo de abóbora fumado, acompanhados pelo Entre pedras 2021, dos Açores. Chegam depois os brócolos com trigo sarraceno, pepino e hortelã da ribeira; o momento com pão de trigos ancestrais que inclui pão de leite, manteiga das Flores e azeite verde. É servido, entretanto o Marquês d`Almeida Reserva 2020, da Beira Interior com o prato de funcho, cuscos transmontanos, couve romanesca e capuchinhas; e o girassol batateiro com milho, cogumelos selvagens, trufa de outono, é acompanhado pela Quinta dos Carvalhais, colheita 2019, do Dão. A fechar a sobremesa com cacau, cogumelos, chá preto de barrica e caramelo salgado, enquanto se aprecia um Niepoort LBV 2018.

Numa Lisboa fria de Inverno, não consigo imaginar melhor plano para a noite. À experiência da cozinha do Chef Pedro Pena Bastos, junta-se a simpatia de quem nos recebe e acompanha ao longo de todo o jantar. Para mim é, de momento, o melhor exemplo de “Brand Elevation” que consigo encontrar e recomendar. Há CURA melhor?

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