No rescaldo da gala Michelin que se realizou esta terça-feira, em Albufeira, no Algarve, a primeira edição com direito a uma cerimónia e guia independentes de Espanha (ainda que o guia apenas em formato digital), o grande vencedor da noite foi Vítor Matos, chef do Antiqvvum, restaurante portuense que recebeu a segunda estrela, e do 2Monkeys, em dupla com Francisco Quintas, restaurante inserido no Torel Palace Lisbon, que recebeu a primeira estrela pouco mais de um ano depois de ter aberto portas.
“No Antiqvvm, um restaurante que se destaca pelas suas maravilhosas vistas para o Douro (a partir da varanda), e pela sua singular localização, no mesmo palacete onde se encontra o Museu Romântico, traz à luz toda a sua criatividade, o seu domínio técnico, e a sua bagagem culinária, na hora de trabalhar, mas, também, a sua particular obsessão por oferecer pratos que, sendo originais, resultem naturais e harmoniosos, estando em comunhão com os melhores produtos de temporada. A sua proposta convida os gastrónomos a darem uma 'volta ao mundo' com o paladar, transcendendo o puramente gastronómico, pois, como o próprio assinala, através dos seus pratos, procura 'promover os valores de una cozinha cultural, natural, evolutiva, social e artística”, justifica o guia.
2Monkeys (Vítor Matos e Francisco Quintas, Lisboa); Desarma (Octávio Freitas, Funchal); Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) e Sála (João Sá, Lisboa) são os restaurantes que receberam uma estrela Michelin, que distingue uma 'cozinha de grande nível, compensa parar'.
A VERSA esteve no Sála em agosto de 2022, quando o restaurante de João Sá estava prestes a celebrar quatro anos de vida. À altura, o cozinheiro que ostenta agora uma estrela Michelin no seu restaurante dizia que só queria “ser feliz a cozinhar” e que pretendia sedimentar cada vez mais estabelecer um ligação no seu restaurante uma cozinha viajante que bebe da gastronomia de países por onde a diáspora portuguesa foi passando e onde a cultura gastronómica perdurou.
Mais recentemente, em julho passado, a VERSA falou também com Vítor Matos e Francisco Quintas, chefs do 2Monkeys. “Sou realmente muito jovem, com muita ambição”, dizia Francisco Quintas. A ideia é fazer os clientes viajarem, uma vez que os dois chefs não são “cozinheiros de fazer cozinha portuguesa”, admitia Vítor Matos. “Gosto muito de comer assim em casa, mas não é a minha cozinha nem a do Francisco”. As influências desdobram-se então entre referências da cozinha nórdica e de escolas mais clássicas como a da gastronomia francesa, sempre privilegiando o produto português.
No total, o guia deste ano contabiliza 31 restaurantes com uma estrela. Três restaurantes não renovaram a estrela: Eneko Lisboa (por encerramento), Casa da Calçada (Amarante, em obras) e Vistas (Vila Nova de Cacela, devido à saída do chef Rui Silvestre, que transitou para o Fifty Seconds).
Portugal continua sem ter a distinção máxima de três estrelas.Os restaurantes portugueses distinguidos no Guia Michelin Espanha e Portugal 2024 foram anunciados hoje à noite na primeira gala exclusivamente nacional e que vai tornar-se um evento anual, segundo a publicação, que até à edição de 2023 anunciava os premiados numa cerimónia conjunta entre os dois países.
Portugal conta também com mais dois restaurantes com estrela verde (que distingue a gastronomia sustentável): Malhadinha Nova (João Sousa, Albernoa) e Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) - e totaliza, agora, cinco nesta categoria.