Béhen
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Não querer a nova coleção da Béhen é um elogio

Béhen nasceu para dar vida às tradições e na nova coleção volta a repetir o feito. Desta vez, partindo de uma descoberta curiosa.

Enquanto procurava por inspiração para uma nova coleção, Joana Duarte, também conhecida pelo nome da sua marca, Béhen, deparou-se com um saquinho antigo, integrado no arquivo do museu da Arqueologia como sendo da Glória do Ribatejo (ainda que os locais afirmem o contrário), que lhe suscitou curiosidade.

Em vez dos típicos bordados simpáticos como "Amo-te muito" ou "Quero-te bem", neste saco lia-se "Não te quero".

A explicação? Há duas teorias. Ou esta era apenas a mensagem que se queria passar ou houve um erro de  transcrição. "Muitas vezes, quando as senhoras faziam estas peças, como não sabiam ler ou escrever, copiavam isto de outro sítio. Ou seja, queriam realmente dizer 'não te quero'? Ou foram buscar isto porque acharam bonito e puseram ali sem saberem [o que lá estava escrito]?", questiona Joana Duarte na entrevista à Versa.

Certo é que o este bordado inusitado veio a dar nome à nova coleção outono-inverno 2024/25 que a designer portuguesa apresentou na ModaLisboa.

Nesta coleção, a inspiração são precisamente as técnicas antigas, em especial o Bordado de Glória do Ribatejo, que, reconhece, é mais difícil do que imaginava. "Este ponto cruz é mesmo mesmo pequenino e é das técnicas mais minuciosas com que já me cruzei em Portugal. É mesmo preciso aprender desde muito cedo". 

O despertar para o tradicional

"Hoje em dia, quem quer uma toalha com quatro metros bordada? As casas nem sequer têm esse tamanho, as mesas não têm hoje em dia esse tamanho. Mas, pegando na técnica em si e em quem ainda as sabe trabalhar, a ideia é perceber  como é que se consegue preservar isto, mas de uma outra forma. Claro que é complexo, não estou a dizer que há uma fórmula... O bordado em si é um luxo enorme pelo tempo que leva", diz a designer que cria uma marca com uma missão: proteger o Património Imaterial Português.

Esse tempo, por vezes escasso nos dias que correm, é o que afasta alguns jovens de trabalharem com técnicas antigas, ja que estas não dão o retorno esperado. Mas a evolução tecnológica pode dar um empurrão. 

Bordar com Inteligência Artificial? 

Na 62.º edição da ModaLisboa, uma das temáticas que teve lugar ao terceiro dia de evento foi o uso da Inteligência Artificial (IA) na moda. E, logo no dia seguinte, Béhen apresenta o oposto: o trabalho minucioso do bordado e das técnicas de antigamente. Mas, no entender de Joana Duarte, ambos os métodos podem complementar-se.

"Gostava muito de apostar cada vez mais neste interseção. Por exemplo, o Bordado da Madeira é tradicionalmente feito sob linho ou sob algodão, mas as peças que estou a fazer são bordadas sobre lã produzida industrialmente cá, em Portugal. A mesma coisa com a ganga. O bordado da Glória é feito em algodão ou linho e eu cheguei à Glória com ganga. Ou seja, pode não ser IA, mas a tentativa de implementar estas técnicas noutros materiais é a tecnologia", remata.

São estas combinações que marcam a nova coleção Béhen, que junta Bordado da Madeira, Bordado de Viana com vidrilhos, Bordado de Glória do Ribatejo, mantas regionais feitas em algodão de Minde e meias em croché dos tradicionais trajes de folclore de São Vicente do Paúl.

A coleção até pode ser “Não te quero”, mas costuma dizer-se que o fruto proibido é o mais apetecido. Vê as novidades na galeria de imagens. 

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