Francesco Bagnaia no Grande Prémio Monster Energy da Catalunha
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De Gucci a t-shirt Ducati. A vida simples do simples(mente) campeão Pecco Bagnaia

Francesco Bagnaia venceu o Grande Prémio Monster Energy da Catalunha. A conVERSA com o atual campeão MotoGP foi sobre(tudo) o que, naquele contexto, só me pareceu fora de contexto...

Atitude. Começo por aqui. Francesco Bagnaia tem atitude. Na minha estreia nos circuitos MotoGP, divido-me se é atitude de campeão (transversal a outros pilotos), ou se é só dele. E é ele. Já eu, sou só uma rookie em Barcelona. E sem warm up, direta da pista do aeroporto para a conVERSA com o atual campeão do mundo MotoGP, no paddock. Dois dias depois, Pecco vence o Grande Prémio Monster Energy da Catalunha, mas a vitória já lá estava. Na “atitude” do piloto da Ducati Lenovo, ao longo da conVERSA. Romântica? É onde a velocidade da experiência me leva e já esgotei os termos técnicos que trouxe. “Vamos falar de Lifestyle…” disse-lhe. Pecco mostrou atitude. De campeão. Com aquele made in Italy e como quem diz, não dizendo “quem é esta rookie?”

Do encontro (breve, leve e descontraído), a sensação de que, mesmo num mundo onde a velocidade compete com o risco, onde só há lugar para os muito bons, é difícil as “coisas” correrem-lhe mal. Trocarem-lhe as voltas. Há pilotos e depois há pilotos. E depois há ainda Francesco Bagnaia. Até uma rookie percebe isso. E há a atitude do piloto italiano de 27 anos. Competitivo. Apaixonado. Determinado. Calmo. Focado. Diz o que pensa, mas pensado. Sem acasos. E é giro.

“Os pilotos são uma espécie de rock star na atualidade? É campeão, jovem, com fãs em todo o mundo, tem estilo, é fotografado em desfiles da Gucci, ou seja, acompanha as tendências…” Pecco segue com atitude, sem desvios. “Não me preocupo com isso, o meu foco é vencer sempre e todos. Gosto de moda e de marcas, gosto muito de ténis, por exemplo. Mas não sou o melhor nessa matéria, para mim é o Lewis Hamilton (sorri), é impossível competir com o estilo dele. Sou mais low profile, em casa experimento diferentes estilos, aqui sinto-me bem com uma t-shirt da Ducati. Estilo italiano? Não se ensina (sorri de novo) e eu não tenho nada para ensinar, sigo as regras da minha noiva”.  Curto. Direto. Simpático. Mas, claramente, já focado na prova. Ambos sabemos. Como sabemos que it comes with the job, meu e dele.

A Fórmula 1 (F1) olhou cedo para o produto piloto/estrela como um asset estratégico e criou esse sexyness à volta do espetáculo, dentro e fora da pista. Sexy e milionário. Bagnaia representa, se quisermos, a imagem contemporânea no mundo MotoGP, uma versão mais cool deixada por Valentino Rossi, o piloto/fenómeno, nove vezes campeão do mundo e com esse charme italiano endógeno. “Personalidade no desporto? Valentino Rossi, ele é como o Peter Pan, sempre jovem e com uma mentalidade de querer sempre mais” diz Pecco sobre o mentor. Partilham o perfil competitivo e o charme, que cria valor neste campeonato. E Bagnaia também o sabe.

“Tenho uma vida normal”. E, naturalmente, entendo esse lugar de que fala. Mas o seu “normal”, veio com pouca velocidade. Ou atitude. E achei pouco normal, nele. Meio (in)definido esse lugar à escala de tudo o que vive. É, talvez, onde corre o seu equilíbrio. “Gosto de ser como sou e vou continuar assim. Sou muito calmo, não sou um piloto agressivo e que ataca com palavras. O objetivo é vencê-los sempre, conheço o meu potencial, não venço com palavras, mas com factos. Sei que muitas pessoas não gostam, que preferem agressividade, mas esse não é o meu foco”. A natureza competitiva, vê-a como parte desse sentido de “vida normal". Pecco conquista-me. Descaramento de campeão? Descaramento dos seus 27 anos? Ou o que for, para mim, agora soa normal.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Vejo-o a 348,3 km/h e todos os layers de adrenalina do circuito. Preciso de uma certa imaginação para o “gosto muito de estar tranquilo em casa, no sofá”, que ouço nesta conVERSA. “E cozinhar”, acrescenta. O piloto que após cada corrida encontra conforto numa simples “pasta”, é Chef em casa e sonha inaugurar, em breve, o seu próprio restaurante. “Gostava que fosse em Itália e um franchise, mas não serei o Chef, quero continuar focado na competição”. Se Rossi é hoje empresário com negócios na indústria da moda, Pecco será nos da restauração. Campeão, com estilo (aguardamos para o ver com a colab SupremeX Ducati), com o tal charme, fala italiano e até cozinha? Já é mais do que só atitude…

Entre o calendário das provas, há um casamento dentro de dois meses. Manobra fácil. “Também sou muito competitivo na vida pessoal, demasiado. A minha namorada nunca aceita desafios comigo, até a subir escadas quero ser o primeiro a chegar, sou como um miúdo, mas ela já me conhece bem (risos). Nem sempre é fácil de gerir”. Mas Pecco não sai do lugar. Não se desvia. “Sou muito bom a separar a vida profissional da pessoal. Quando corro só estou focado em vencer. Há momentos em que tenho receios e é normal (a tal “vida normal”), sou muito novo, vou casar e é normal (again…) pensar na vida pessoal e no futuro, mas o meu foco é total, quero ganhar o terceiro campeonato”.

A pressão motiva-o, “nem todos aguentam, mas eu gosto”. E tem um mental performance coach? Pergunto, como algo “normal” para quem já está neste “campeonato”, e arrependo-me de imediato, a resposta é obvia: “Sou muito crítico comigo, quero sempre mais, o meu treinador é muito bom e ajuda-me a crescer e a ser melhor, não preciso desse apoio”. E volto a sentir aquele olhar: “quem é esta rookie?!”…

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