O homem mais feliz do mundo existe, é o que conclui um estudo da Universidade de Wisconsin, que encontrou no cérebro do monge budista tibetano, Matthieu Ricard, um nível de emoções positivas acima da média.
No início da década de 2000, investigadores desta Universidade descobriram que o cérebro de Ricard produzia ondas gama, que têm sido associadas à aprendizagem, à atenção e à memória, a níveis tão acentuados que passou a ser apelidado, pelos meios de comunicação social, de "o homem mais feliz do mundo".
Filho de um famoso filósofo francês, François Revel, Matthieu vive no mosteiro Shechen Tennyi Dargyeling, no Nepal, foi intérprete francês do Dalai Lama e tem um doutoramento em genética celular. Publicou vários livros e recebeu a Ordem Nacional de Mérito pelo seu trabalho humanitário na Ásia.
Mas qual o segredo desta felicidade? Em entrevista ao The New York Times, o monge revelou a resposta que, na realidade, não é nenhum segredo, mas que “é preciso uma vida inteira para a alcançar” e “é a coisa mais valiosa que se pode fazer".
Ricard diz que se há coisa que nos pode ajudar a ultrapassar os momentos difíceis da vida, é a compaixão. " Quando falamos de compaixão, queremos que toda a gente encontre a felicidade. Sem exceção. Não se pode fazer isso apenas para aqueles que são bons para nós ou que nos são próximos. Tem de ser universal. Essa é a melhor maneira de satisfazer a nossa própria felicidade", afirmou na entrevista.
Sobre o facto de lhe chamarem o homem mais feliz do mundo, o monge brinca. “Não podemos medir o nível de felicidade através da neurociência. É um bom título para os jornalistas usarem, mas não consigo livrar-me dele. Talvez na minha campa esteja escrito: Aqui jaz a pessoa mais feliz do mundo’”.
“De qualquer forma”, acrescenta, “aproveito cada momento da vida, mas é claro que há momentos de extrema tristeza, especialmente quando se vê tanto sofrimento. Mas isso deve acender a nossa compaixão e, se acender a nossa compaixão, avançamos para uma forma de estar mais forte, mais saudável e mais significativa. É a isso que eu chamo felicidade. Não é como se estivéssemos a saltar de alegria a toda a hora. A felicidade é mais como o nosso centro, onde tocamos a base. É onde se chega depois dos altos e baixos, das alegrias e das tristezas”.