Servir uma cerveja não é uma arte, mas tem as suas técnicas. O mais comum é que 75% da cerveja seja servida com o copo numa inclinação de 45 graus de modo a evitar que se crie uma camada de espuma no topo.
Só que no TikTok surgiu uma nova teoria que diz que a melhor forma de servir cerveja é com o copo direito, para assim evitar que fiquemos inchados após o consumo desta bebida.
É de estranhar que um só vídeo venha agora contrariar uma prática que vemos especialistas e não especialistas em cerveja a fazer. A Versa procurou então respostas.
Um assunto que parece simples de responder – é ou não possível reduzir o inchaço através do modo como se serve uma cerveja – é mais complexo do que se possa pensar.
“A questão do inchaço é uma das coisas mais complexas que acontece no nosso corpo. Porque tem inúmeras causas”, começa por explicar a nutricionista Catarina Ferreira. “O simples facto de a bebida ter gás, já provoca inchaço. Significa que aquelas bolinhas são CO2. Uma água com gás vai fazer o mesmo efeito”, continua.
O inchaço pode assim advir de qualquer bebida com gás, mas também de uma intolerância alimentar, do stress, da rápida mastigação e de tantos outros motivos que não a cerveja.
Mas, voltando à teoria do TikTok, não havendo estudos científicos que a comprovem, a nutricionista afirma que “se realmente for verdade, é uma questão de inchar mais ou menos, porque é uma bebida com gás, por isso vai inchar sempre”. E, ressalva, "é normal chegar ao final do dia inchado. Comemos, bebemos, trabalhámos. Agora, qual é o inchaço, patológico ou normal, é uma linha muito ténue”, refere a nutricionista.
Desfeito um mito, há outro que é urgente desmitificar: a espuma da cerveja é muito bem-vinda. “Podemos e devemos beber a espuma. Faz parte da cerveja e é um dos componentes mais importantes. É um indicador da qualidade da cerveja”, diz-nos um representante da cerveja Musa. Acrescenta ainda que o método de servir a cerveja com o copo inclinado para não criar tanta espuma poderá ter que ver com “o facto de a espuma ser associada a uma coisa má”, quando não o é.
Existem cervejas mais interessantes do ponto de vista nutricional, no entanto, a diferença pode não agradar a todos.
“A cerveja menos prejudicial é a que conseguires beber em menor quantidade. Idealmente, do ponto de vista nutricional, será melhor a cerveja sem álcool. Mas tendo em conta que as pessoas tendem a ignorar que essa cerveja existe, então é beber o mínimo possível, porque a quantidade é que faz a diferença. Todos os malefícios da cerveja e do álcool em geral estão sempre associados à quantidade ingerida”, garante Catarina Ferreira.
Quanto à famosa “barriga de cerveja”, não se deve só ao inchaço causado pela própria cerveja, mas também à gordura. “Tem que ver com consumir mais calorias do que aquelas que se gasta. E a cerveja também as tem e não são poucas”, remata.