A primeira parte da última temporada de The Crown já chegou à Netflix e as críticas, que até então posicionavam a série sobre a família real britânica como um marco da televisão, dão agora lugar a opiniões divergentes, descrevendo-a como “um desastre televisivo” ou um “melodrama de mau gosto, involuntariamente cómico, que se aproxima da exploração”, como escreve o Guardian.
O quarto e último episódio da primeira parte da sexta temporada – o segundo tomo fica disponível a 14 de dezembro – motivou mesmo um artigo publicado no Washington Post, em que a jornalista Ashley Fetters Maloy escrutina a decisão artística de plantar na narrativa uma aparição póstuma de Diana.
Nesta breve cena em questão, Diana visita o ex-marido, príncipe Carlos, e a sogra, a Rainha Isabel II, depois do fatídico acidente de viação que ocorreu em Paris em 1997 e lhe provocou a morte.
O que a jornalista aponta negativamente à equipa criativa da série é o facto de esta possibilidade de imaginar Diana “num cenário onde nunca esteve, com uma roupa baseada em nada do que vestiu na vida real” ser apenas uma forma de retratar a princesa do Povo como o público a poderia recordar, afastando-se assim de todo o cuidado, detalhe e precisão histórica empregues na forma como as suas indumentárias foram apresentadas até então.
O uso de uma camisola preta de gola alta, sem mangas, “é uma peça enganadora”, uma vez que era pouco comum membros da realeza usarem preto em situações não fúnebres ou mesmo vestir peças de roupa sem mangas.
Amy Roberts e Sidonie Roberts, figurinista de The Crown esclareceram ao Washington Post que o principal objetivo “era criar um visual que não distraísse do facto da aparição da personagem no ecrã”, lê-se no mesmo artigo. A escolha do preto deveu-se ao facto de se tratar de “uma conversa que a rainha e Carlos estão a ter nas suas cabeças e, por isso, não se quer cor”.