Nicolau diVERSA | Fotografia: D.R.
Gourmet

A história de como uma foodie fez do Nicolau o cão mais famoso

Bárbara Pinto é a co-responsável pelo Nicolau, grupo que se tornou um fenómeno em Lisboa e no Porto. Como é que tudo começou? A Versa foi saber.

Para que não haja dúvidas no decorrer da história que vamos contar nesta diVERSA, começamos com a breve apresentação de uma família que boa parte dos portugueses já terão ouvido falar. Começamos pelo mais famoso membro, Nicolau, um cão salsicha que foi apresentado aos lisboetas em 2016. Dois anos mais tarde arranjou uma namorada, a Amélia, e convidou o primo Basílio para se juntar à família nesse mesmo ano. Já em 2022, Olivia, que cuida de Nicolau desde pequeno, saiu do anonimato e deu-se a conhecer nas Avenidas Novas, em Lisboa. 

Por detrás desta história canina, há uma mulher que revolucionou a oferta gastronómica em Portugal: Bárbara Pinto.  

Tudo começou quando há mais de seis anos a foodie com formação em Economia e Marketing sentiu vontade ter um restaurante à sua medida, no fundo, como não havia: um espaço com opções equilibradas e sem horários.  

“Não fiz nenhum estudo de mercado para abrir o Nicolau. Fiz uma coisa que eu queria. Pensei: ‘Que restaurante é que quero e não encontro em lado nenhum?’. Se me apetecer almoçar às quatro ou às cinco horas, queria ter uma opção. É que para mim era um desespero, quando estava a trabalhar, ter de sair à uma da tarde.", conta Bárbara Pinto à Versa.  

Foi então que Bárbara desenvolveu o projeto juntamente com o marido, Bernardo Mesquita, nascendo assim uma história protagonizada por uma personagem com um nome pouco comum, Nicolau, que inicialmente era para ser uma pessoa, mas, através de um brainstorming com a designer Mariana, acabou por se tornar num cão, que conhecemos através de uma ilustração de Catarina Rosa.  

100 sumos verdes por dia e filas à porta: o que explica o fenómeno Nicolau?

Quando Bárbara Pinto começou a dar vida ao primeiro espaço, na rua de São Nicolau, que deu origem ao nome do grupo, foram muitos os que questionaram o negócio que ali estava a nascer.  

“Imensa gente que passava por lá dizia que eu era louca, que ia falir, porque estava a gastar um balúrdio na obra”, lembra Bárbara. Um deles era o senhorio daquele primeiro espaço no Chiado, que lhe dizia “ai, menina, o que é que você está a fazer aqui?” ou “mas quem é que vai beber um sumo verde? Quem é que vai comer uma panqueca trigo sarraceno?”.  

A certo ponto também Bárbara se questionou, até devido à localização do Nicolau, uma rua que antigamente não era frequentada, mas dai até surgirem filas de horas à porta foi um instante. E não é que há quem peça mesmo sumos verdes?  

“Quando abri, vendia dois sumos verdes por dia. Agora vendo 60 a 100." 

Em 2016, o conceito brunch era ainda pouco conhecido em Portugal e ainda que Nicolau quisesse simplesmente ser um espaço de opções para qualquer hora e não de brunch (que até estava num pequeno canto da primeira carta), acabou por se tornar um fenómeno e a ser a opção mais pedida.  

Mas há muito mais a contribuir para o boom do grupo Nicolau. 

“Eu acho que o sucesso se deveu exatamente ao facto de sermos os únicos”, afirma a co-fundadora. 

Eram os únicos com um conceito inovador que incluía brunch não apenas ao domingo, uma carta altamente caseira ─ das panquecas e pão à granola dos iogurtes ─, sumos feitos na hora com fruta fresca, opções mais saudáveis ou mais gulosas, como panquecas com Nutella, de portas abertas o dia todo, sem reservas e pet friendly. 

Entretanto, já lá vão um total de sete espaços, todos eles diferentes e um novo desafio para Bárbara Pinto. No Amélia quis introduzir pratos mais elaborados, algo que também acontece no Olivia, o último conceito a nascer, mais uma vez diferenciador: há desde Risotto de Abóbora, feito com leite de coco e queijo cabra, ao asiático Chow Fun, tudo regado com um copo de vinho ou cocktail até às 23h (mas ninguém nos impede de comer também umas panquecas como jantar ou sobremesa).  

Seja Nicolau, Amélia, Basílio e Olívia, no Porto ou em Lisboa, há ainda outro aspeto que, além do brunch, fez com que desde início este projeto fosse revolucionário na época: a diversidade social. Pessoas de todo o mundo, de todas as idades, de opções políticas e de orientações sexuais diferentes têm-se juntado às equipas do Nicolau nos últimos seis anos, proporcionando a partilha de conhecimento entre a equipa, num ambiente onde todos os clientes se sentem bem-vindos.

“Respirou-se liberdade. Todos podem entrar, todos são bem-vindos. Portanto, foi um espaço de liberdade de horários, de dias, de pessoas, de tudo. Acho que nos definimos muito como o primeiro restaurante completamente livre. Às vezes as pessoas dizem-me 'tu não percebeste que quando abriste tiveste pessoas a trabalhar contigo que não havia em nenhum restaurante'", remata Bárbara. 

Uma love story que nos dá fome 

Dado o sucesso do Nicolau, parece que tudo estava planeado desde início, incluindo a história da família canina que viria a criar novos espaços. Mas não. Foi somente quando Bárbara Pinto sentiu que devia abrir um segundo espaço mais próximo dos foodies portugueses que surgiu esta narrativa.  

"Com a necessidade de abrir mais espaços, quis fazer uma love story, ou como se chama, um storytelling, sem nunca ter tido esse objetivo. Porque gosto de desafiar-me a mim própria."

Com tantos nomes nesta família, Bárbara nota que os clientes se perdem na história e até discutem à mesa quem é afinal o Nicolau, a Amélia, o Basílio e a Olivia. "As pessoas dizem coisas inacreditáveis. Mas o que eu acho giro é que esta confusão é interessante, porque cria ali uma certa curiosidade."  

Mas uma vez de carta nas mãos, a love story é mais gustativa e entre todos os pratos Bárbara Pinto destaca o caril de gambas com leite de coco do Olivia, no qual está “completamente viciada”, e a panqueca vegan (mesmo para quem não é vegan), presente nos vários espaços.

Um tio? Uma avó? Quem mais vai o Nicolau apresentar-nos?

Seis anos, quatro personagens e sete espaços. Será que vamos conhecer mais algum membro da família do cão salsicha Nicolau? 

“Não sei. É uma dúvida que tenho. Vivo em constante análise. Uma coisa que me tem feito falta é viajar. O Nicolau é o resultado das minhas viagens. E não é que tenha visto um conceito igual. Abriu a minha cabeça para muitas coisas. Não só em termos visuais, estéticos, como na forma do atendimento, na própria diversidade, em tudo”, conta a foodie que para "comer" conhecimento chega a ir a cinco restaurantes por dia.

Pode não abrir um novo espaço para já, mas a co-fundadora avançou à Versa que está a ser preparado um livro solidário, com lançamento previsto para a altura do Natal, dedicado aos fãs do grupo Nicolau, em especial, os mais pequenos.  

Enquanto não sai o livro que nos permitirá conhecer esta love story numa narrativa acompanhada de ilustrações, resta-nos espreitar as imagens da galeria com os variados espaços do grupo: Nicolau Lisboa, Amélia Lisboa, Basílio Lisboa, Olivia Lisboa, Nicolau Porto, Nicolau Cascais e, o mais recente, Amélia Foz. 

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