Talvez o café tenha um efeito placebo que nos faz dizer “só consigo funcionar de manhã depois de beber um café”. Certo é que há algum efeito, do foco ao humor (ou, em alguns casos, na ansiedade de quem não passa mesmo sem beber café). Mas, afinal, a ingestão de café pela manhã reflete-se mesmo na nossa energia?
No dia em que se celebra o Dia Internacional do Café, 1 de outubro, a Versa revela os resultados de um estudo português denominado “Coffee consumption decreases the connectivity of the posterior Default Mode Network (DMN) at rest”, que se propôs a explorar a ideia “de que o café aumenta o estado de alerta e o funcionamento psicomotor” e a perceber quais os reais efeitos psicológicos do café/cafeína, que são alvo de um contínuo debate.
Para chegar aos resultados, os investigadores reuniram 83 participantes, 47 dos quais beberam café e 36 cafeína diluída em água quente.
Através de uma ressonância magnética realizada antes de beberem a bebida e outra 30 minutos depois, foi possível perceber que em ambos os grupos a atividade cerebral diminuiu na parte do cérebro que coloca as pessoas em estado de repouso, o que significa que houve um aumento de energia. Contudo, há uma diferença entre quem bebeu café e cafeína diluída: nos primeiros, a atividade cerebral aumentou noutras partes do cérebro relacionadas com o foco, a atenção e a memória de curto prazo.
Ora o que é que se pode concluir? Que, independentemente do teor de cafeína, o café pode mesmo contribuir para um maior estado de alerta, bastando para isso qualquer experiência sensorial, seja o cheiro, o paladar ou a visão. Tal só acontece com quem bebe, pelo menos, um café por dia, pelo que quem não bebe café regularmente poderá não sentir os mesmos efeitos.
Afinal, parece que a expressão com que iniciámos o artigo não é apenas uma desculpa para beber café e que não há um efeito placebo. Por isso, permite-te beber café pela manhã (à hora correta) se te faz sentir melhor.
“O prazer que é dado a um indivíduo que gosta de café de manhã, na verdade faz parte de quase um ritual que também é importante para esse indivíduo sentir 'estou pronto para o dia'”, disse Nuno Sousa, um dos autores do estudo e professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho, em Portugal, à NBC News.
A investigação foi publicada em junho de 2023 na revista científica Frontiers in Behavioral Neuroscience.