Os desfiles de moda foram desde sempre um veículo usado para, através de peças de roupa, diversos designers chamarem a atenção para temas fraturantes, polémicos ou reivindicar causas. Mas, se houve alguém que soube usar esta técnica como ninguém, conferindo-lhe um lugar destacado nas manchetes mundiais, foi a Princesa Diana.
Quem não se lembra do célebre Revenge Dress com o qual inverteu um polémico ângulo noticioso sobre infidelidade, numa manchete sobre superação? Ou, das vezes em que propositadamente repetia conjuntos de roupa para confundir os papparazi? Não foi, no entanto, por mera vicissitude de funções na monarquia britânica que ficou conhecida como “Princesa do Povo”. Ainda hoje, mais de duas décadas após a sua morte, é considerada o ícone da empatia. O segredo foi juntar às peças de roupa o poder transformador desta habilidade socioemocional que 98% dos seres humanos possuem, e de reconhecer, compreender e reproduzir emoções alheias.
Em entrevista afirmou que ninguém lhe definiu o papel a desempenhar no âmbito das suas funções. Ter-se-á, até, sentido confusa quanto às áreas a trabalhar e de que forma, mas que à medida que foi expondo as suas fragilidades – bulimia, depressão pós-parto, relação pessoal, saúde mental e falta de autoestima –, apercebeu-se da sua solidão e vulnerabilidade tendo encontrado aí afinidade com as outras pessoas. Foi durante visitas a hospitais e instituições que se apercebeu que as pessoas mais vulneráveis eram as mais abertas e reais, e com quem mais sentiu proximidade.
Lady Di entendeu o poder da roupa na comunicação de mensagens e com as suas escolhas expressou a sua famosa empatia: ao visitar crianças evitava chapéus por serem uma peça que dificultava abraçá-las; num hospital apertou a mão, sem luvas, a um doente, desafiando o estigma de que a sua condição era contagiosa pelo toque e quebrou paradigmas com um único gesto; numa instituição para deficientes visuais, escolheu veludo pelo toque agradável e aconchegante desse tecido, permitindo-lhes assim, não conseguindo vê-la, sentirem a sua presença.
A empatia continua a ser uma tendência – arriscaria a dizer uma base, uma necessidade incontornável –mas, também é um tema que pode ser mais explorado no âmbito da comunicação e relações públicas. A comunicação faz parte da história humana, desde os primórdios da nossa existência, e é um dos principais elementos da trajetória da evolução da espécie. Antes mesmo da existência da palavra, a comunicação era utilizada como forma de interação, entre os grupos, e como meio de registo das atividades quotidianas. O processo evolutivo da comunicação humana transformou a linguagem rudimentar em linguagem falada e, posteriormente, em linguagem escrita. O desenvolvimento contínuo dessas linguagens gerou inúmeras formas de uso da comunicação. Entender o conceito de empatia – a habilidade de nos colocarmos no lugar da outra e participar, afetivamente, da situação que ela vive –, é fundamental quando se trata de relações humanas. É certo que entre teoria e prática pode existir um abismo. Agir e comunicar de forma empática pode ser um processo desafiador, mas é também uma oportunidade de as marcas e as empresas fazerem a diferença através da autenticidade e da qualidade na sua comunicação.
Em 2024, o panorama das relações públicas e da comunicação verá a empatia emergir como o princípio central das estratégias de sucesso. Esta mudança é impulsionada por uma confluência de fatores, que podem incluir alterações nos custos e formas de vida, os stresses sociais contínuos e uma exaustão coletiva. A empatia melhora a forma como as mensagens são recebidas e compreendidas e é uma ferramenta importante para todos os profissionais de relações públicas (RP) se relacionarem com os mais diversos parceiros.
Nesta era dos objetivos e em que queremos levar as pessoas nas viagens das nossas empresas , as RP têm um papel fundamental na condução de comunicações estratégicas, na construção da compreensão e na obtenção de sinais de confiança dos públicos de uma organização. Nunca a necessidade de um envolvimento mais autêntico e empático foi tão vital. As comunicações bem sucedidas não se limitam a envolver, mas inspiram. A comunicação deve esforçar-se por tocar as cordas emocionais do seu público, partilhar conteúdos com que se identifiquem profundamente e promovam ligações genuínas. Colocar o ser humano no centro da sua estratégia é essencial e um dos principais fatores diferenciadores.
A par da revolução digital, a empatia – enquanto capacidade de compreender a necessidade do outro, e a liderança genuína e autêntica – estão a tornar-se cada vez mais importantes como tendências de comunicação. Em tempos turbulentos como os que vivemos, a prática da empatia é tão urgente quanto necessária. Se conseguirmos calçar os sapatos do outro mais vezes, talvez nos sintamos a dar menos passos em campos de minas.